História de senegalês que foi vítima de tráfico humano e mora no Brasil, será contada no filme “Malick”

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A história de Modou Awa Dieye, multiartista senegalês, é a inspiração para o filme “Malick”, no qual também é codiretor, junto com o cineasta Cassio Tolpolar. Aos 22 anos, Modou saiu do Senegal, no continente africano, e foi buscar uma nova vida na Itália, com a ajuda do tio. Mas ao desembarcar, descobre que foi enviado ao Equador sem saber e descobre ser vítima de tráfico humano. Fugindo dos criminosos, ele passa pelo Peru, Bolívia, até chegar ao Brasil.

O longa-metragem está em fase de gravações, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Modou afirma está bem feliz que sua história será contada. “Só sinto felicidade de ver minha história virando filme. Isso para mim é uma conquista muito grande, porque jamais iria imaginar sair do meu país, que era minha zona de conforto, para ir a um outro lugar, onde ninguém me conhecia, passar por tudo isso e, de repente, estou fazendo um filme em um outro país, em uma outra língua. Então, para mim, isso é uma conquista muito grande”, afirma Modou Awa Dieye.

Foto: Divulgação

O percurso para que a realidade virasse ficção foi longo e iniciou em 2017. O diretor do filme, Cassio Tolpolar estava reescrevendo um outro roteiro de ficção e procurava um parceiro senegalês para a empreitada.

O nome de Modou chegou até a mim por outro senegalês, o Bamba. A primeira vez que conversei com Modou, pelo telefone, ao invés de falar sobre o projeto que eu tinha, ele me contou sua história de vida, que achei triste, mas fantástica. Uma história de pura resiliência. Foi, então, que comecei a mudar o roteiro, que inclusive tinha outro título e sinopse. Estamos aqui hoje por causa desse encontro”, explica o cineasta.

A história de Modou se soma a tantas outras de refugiados que chegam ao Brasil todos os anos. Em 2024, só no Rio Grande do Sul, cidade onde ele vive atualmente, foi registrado o maior número de autorizações para migrantes e refugiados desde 2020, segundo dados da Polícia Federal. Foram 27 mil autorizações, no ano passado, um crescimento de 103,4% em comparação a 2020.

Com o filme, estou na verdade buscando uma forma de cura, que é relembrar o que aconteceu na minha vida passada e de outros imigrantes que passaram por isso, mas que estavam sem voz ou com medo de contar.  A minha expectativa é que os imigrantes que já passaram por isso, que já não estão mais aqui e os que ainda estão, se sintam como se alguém estivesse fazendo a justiça por eles. Pra mim, o filme é uma forma de luta”, afirma Modou Awa Dieye.

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