Com os constantes casos de racismo em estabelecimentos comerciais, a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul realizou uma audiência, presidida pela deputada Laura Sito (PT), que colocou em pauta a constante vigilância voltada a pessoas negras em lojas, supermercados e shoppings.
Para a audiência realizada no Espaço Convergência do Fórum Democrático foram convidadas entidades que lutam contra o racismo, a Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS) e a Associação Brasileira de Shoppings Centers (ABRACE), que não levaram representantes para o debate sobre a intimidação que acontece nesses espaços.
Estiveram presentes o Movimento Negro Unificado (MNU), o Movimento Vidas Negras Importam, uma representante da Sociedade Brasileira de Direito Antidiscriminatório e o Núcleo de Pesquisa Antirracista da UFRGS, entre outros.
De acordo com ativistas negros que estavam na audiência, essa perseguição constante nos locais de consumo mostra como as empresas utilizam de diversos meios para evitar punições mais severas, como a cassação do alvará de funcionamento, conforme prevê a Lei Orgânica de Porto Alegre.
Também esteve presente na audiência, de forma online, a professora e Mestre em Artes Izabel de Oliveira que há algumas semanas foi constrangida por um segurança do mercado Atacadão, em Curitiba, e depois apareceu sem roupas no interior do estabelecimento, segundo ela, para protestar sobre a situação. Na ocasião ela contou que considera a ação do segurança, racista.
O defensor público membro do Núcleo Racial da Defensoria Púbica do Estado Andrey Melo, presente na audiência, que a situação sofrida por Izabel também é vivenciada por muitos outros indivíduos negros que considera ser um projeto no Brasil. “Não há cidadão negro que não tenha sofrido com o peso dos olhares numa relação de consumo, todos têm história para contar”, disse.
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