Mesmo com registros do crime feitos desde 1900 o golpe do bilhete premiado voltou a fazer novas vítimas em São Paulo. Criminosos usam teatro e pressão psicólogica para enganar as vítimas
Uma fraude que atravessa mais de um século continua fazendo vítimas em São Paulo. Conhecido como golpe do bilhete premiado, o crime já soma 382 registros apenas em 2025, segundo dados do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). O esquema, baseado em encenação, pressão emocional e falsa empatia, tem como principal alvo pessoas idosas e causa prejuízos que chegam a milhões de reais.
Recentemente câmeras de segurança flagraram o golpe sendo aplicado contra um idoso de 88 anos, na capital paulista. O golpe orquestrado pelos irmãos Luiz Cláudio dos Santos e Paulo Cézar dos Santos começou quando Paulo aborda a vítima afirmando possuir um bilhete premiado da loteria, mas alegando não poder receber o dinheiro por motivos religiosos.

Em seguida, Luiz surgi fingindo não conhecer o irmão e oferecendo ajuda e simulando uma ligação telefônica para uma falsa gerente da Caixa Ecônomica Federal, que “confirmava” a autenticidade do prêmio. Convencido pelos dois, o idoso entrega o valor de R$70 mil em troca do suposto bilhete, que na verdade era um envelope com papel picado.
Os irmãos Luiz Cláudio e Paulo Cézar estão presos. A Polícia Civil identificou que os irmãos e Viviany Araújo, esposa de Paulo formavam uma família especializada nesse tipo de fraude, com registros que remotam a investigações iniciadas em 2009. Viviany está foragida e tem prisão decretada.
Outra vítima contraiu um empréstimo de R$ 100 mil após ser abordada por duas mulheres na rua. Uma delas se apresentava como a ganhadora do prêmio e ameaçava rasgar o bilhete. Mesmo desconfiada, a vítima acabou convencida após conhecer uma suposta “psicóloga”, que reforçou a narrativa e falou sobre a divisão de um prêmio inexistente de R$ 13 milhões.
Leia também: Estudo aponta que pelo menos 30 milhões de brasileiros fizeram apostas online em 2025
Em São José dos Campos, uma idosa perdeu R$ 3,25 milhões ao longo de um mês. Foram 14 depósitos bancários, que consumiram todas as economias de uma vida e ainda resultaram em novos empréstimos. O golpe só foi percebido quando o dinheiro já havia desaparecido.
As autoridades acreditam que o número real de vítimas seja ainda maior do que o registrado oficialmente.
A Caixa Econômica Federal reforça que não realiza conferência de bilhetes premiados por telefone ou internet, e que o procedimento ocorre apenas presencialmente nas agências. A Febraban orienta que nenhuma quantia seja entregue a desconhecidos e que vítimas de fraude registrem boletim de ocorrência, mesmo diante do constrangimento.








