O ‘Baobá – Fundo para Equidade Racial’ está destinando R$ 500 mil para a Sociedade Protetora dos Desvalidos, a SPD, da Bahia. A doação, que reforça o comprometimento do Fundo Baobá com as entidades negras, faz parte do eixo programático Comunicação e Memória (apoio a projetos de valorização de bens culturais).
Esse também é um dos pilares que embasam a ação do Fundo Baobá de combate ao racismo no Brasil, e um reconhecimento à trajetória quase bicentenária de luta da entidade, criada em 1832 em Salvador.
“A decisão de fazer essa doação diz respeito à história da Sociedade Protetora dos Desvalidos, que é uma história que fomos privados de conhecer e que está ligada à formação do Brasil. Um Brasil que se tentou construir e que foi reprimido. Mas um Brasil que resistiu e não desapareceu”, explica Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá.
Foi essa tradição e a relevância da SPD dentro da história da filantropia negra no Brasil que levaram o Baobá a fazer a doação com recursos próprios e sem a necessidade de um edital – que é a forma como a organização tem atuado desde sua criação, há 12 anos, apoiando pessoas e organizações negras no enfrentamento ao racismo.
“Esta é a primeira vez que o Baobá decide, sem edital, fazer uma doação e faz isso com recursos próprios, gerados por nosso modelo operacional, o qual nos assegura autonomia de ação”, explica Giovanni. O valor poderá ser usado pela SPD de acordo com as prioridades estabelecidas por sua gestão.
Para a pesquisadora social e membro da governança da SPD, Ligia Margarida Gomes, “O Baobá, para nós, sempre foi uma grande esperança. Poder estar aqui nessa parceria é um momento muito especial. O Baobá foi criado para atender as demandas que sempre ansiamos e sempre foram reprimidas. Cada vitória que ele alcança é uma vitória nossa. O que o Baobá está ajudando a fortalecer também nos fortalece”, afirmou Ligia.
Entre as muitas histórias inspiradoras que ilustram a tradição da filantropia negra no Brasil, a que envolve a fundação da Sociedade Protetora dos Desvalidos na cidade de Salvador, Bahia, em 16 de setembro de 1832, por Manoel Vitor Serra, um negro africano liberto, foi um marco histórico na luta contra a desigualdade e a discriminação racial. Fundada por trabalhadores negros, a organização tinha como objetivo principal fornecer auxílio mútuo e amparo aos mais necessitados. Através de suas ações filantrópicas, a sociedade apoiava pessoas escravizadas a conseguirem sua alforria, bem como dar suporte aos membros que ficassem desempregados.
Agosto é o Mês da Filantropia Negra e nos convida a refletir se é justo que o combate à desigualdade racial ainda conte prioritariamente com a ação coletiva dos próprios negros. A mudança de paradigma depende de avanços promovidos pelos movimentos sociais e exige o engajamento de toda a sociedade para construir um país mais justo. A equidade racial é um requisito essencial para uma democracia plena e um futuro próspero para todos, todas e todes.
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