A fortuna de Elon Musk ultrapassou US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3,2 trilhões) nesta segunda-feira (15), segundo a Forbes, colocando o empresário como a primeira pessoa da história a atingir esse patamar. O valor ajuda a dimensionar não apenas a concentração extrema de riqueza no mundo, mas também o contraste com desafios humanitários ainda não superados, como a fome global.
Para entender a escala, basta comparar esse patrimônio com os recursos hoje destinados ao combate à fome. O Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês), principal agência humanitária do planeta nessa área, opera com um orçamento anual aproximado de US$ 9,7 bilhões. Ao dividir a fortuna estimada de Musk, entre US$ 600 e US$ 677 bilhões, por esse valor, o resultado é direto: o patrimônio do empresário equivale a mais de 60 anos do orçamento atual da principal instituição global dedicada a enfrentar a insegurança alimentar.

Os números ganham ainda mais relevância quando observados à luz da realidade social. Dados da ONU indicam que cerca de 735 milhões de pessoas vivem em situação de fome no mundo. Considerando a estimativa mais conservadora da fortuna de Musk (US$ 600 bilhões), isso representaria aproximadamente US$ 816 por pessoa afetada pela fome. No cenário mais recente, com o patrimônio estimado em US$ 677 bilhões, o valor sobe para cerca de US$ 921 por pessoa.
Estudos conduzidos por agências das Nações Unidas apontam que seriam necessários cerca de US$ 267 bilhões por ano em investimentos adicionais para erradicar a fome de forma estrutural até 2030. Com base nesse cálculo, a fortuna de Musk permitiria financiar mais de dois anos completos desse esforço global, que envolve não apenas a distribuição de alimentos, mas também políticas de renda, apoio à agricultura familiar, nutrição infantil e sistemas sustentáveis de produção.
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A maior parte do patrimônio do empresário está concentrada em ações e participações em empresas como Tesla e SpaceX, o que significa que não se trata de recursos disponíveis de forma imediata. Ainda assim, a comparação numérica evidencia o descompasso entre a capacidade financeira concentrada em indivíduos e os recursos mobilizados para garantir direitos humanos básicos.
Em um mundo marcado por desigualdades raciais e territoriais profundas, onde populações negras e do Sul Global são desproporcionalmente afetadas pela fome, os cálculos ajudam a compreender como a distribuição de riqueza segue distante das necessidades sociais mais urgentes.









