Um relatório divulgado nesta quarta-feira (06) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO) revelou que no Brasil a prevalência de insegurança alimentar grave aumentou de 3,9 milhões entre 2014 e 2016 para 15,4 milhões entre 2019 e 2021. A organização define esse nível de falta de alimentação quando as pessoas em algum momento durante o ano ficaram sem comida, experimentaram fome e, no extremo, ficaram sem comer por um ou mais dias.
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De acordo com o relatório, 61,3 milhões de pessoas lidaram com algum tipo de insegurança alimentar no Brasil nos últimos dois anos e se viram obrigados a reduzir o número de refeições feitas ou a quantidade de alimentos consumidos em um dia. Ainda segundo a instituição, a prevalência de insegurança alimentar grave em relação à população total aumentou em 5,4%, o que representa mais de 60 milhões de pessoas.
O cenário é visto com pessimismo por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para ele: “O aumento dos preços dos alimentos significa que isso só vai piorar. A OMS apoia os esforços dos países para melhorar os sistemas alimentares, tributando alimentos não saudáveis e subsidiando opções saudáveis, protegendo as crianças contra o marketing prejudicial e garantindo rótulos nutricionais claros”.
Mulheres e crianças
O relatório não divulga um recorte racial dos dados levantados e revela que mulheres e crianças são aquelas que mais sofrem com a insegurança alimentar. Aproximadamente 32% das mulheres em todo o mundo enfrentam insegurança alimentar moderada, já os homens foram 27,6%.
No último levantamento realizado pelo IPEA sobre gênero, raça e renda principal dos lares brasileiros 40% desses eram sustentados majoritariamente por mulheres negras. O estudo de 2015 ressaltava que os dados incluíam também aquelas casas onde existe presença masculina, o que aconteceu em 34% dos casos, mas esses ou não tinham renda ou não possuíam a renda principal.
O relatório é uma produção conjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP)
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