Favela do Moinho em São Paulo entra no 3º dia de protestos contra demolições e ações policiais

Os protestos incluem bloqueios de vias e confrontos com as forças de segurança. / Foto: Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo

A Favela do Moinho, localizada na região central de São Paulo, vive nesta quarta-feira (14) o terceiro dia consecutivo de protestos contra as demolições de moradias promovidas pelo governo estadual. Moradores denunciam ações truculentas da Polícia Militar e afirmam que as remoções estão ocorrendo sem diálogo adequado, em desacordo com promessas anteriores de negociação.

Na manhã de hoje, manifestantes bloquearam a Linha 8-Diamante da ViaMobilidade, ateando fogo nos trilhos para impedir a circulação dos trens. A Polícia Militar respondeu com o envio de tropas de choque, utilizando bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os moradores. Segundo relatos, uma bebê desmaiou após inalar gás lacrimogêneo e precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros.

Os protestos começaram na segunda-feira (12), quando a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) iniciou a demolição de casas desocupadas. Moradores afirmam que a ação ocorreu enquanto lideranças comunitárias participavam de uma reunião com representantes da CDHU, o que foi interpretado como uma quebra de acordo.

Os protestos incluem bloqueios de vias e confrontos com as forças de segurança. / Foto: Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo

Em resposta às denúncias de violência e falta de diálogo, o governo federal anunciou a suspensão da cessão da área da Favela do Moinho ao governo estadual. Em nota, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos afirmou que não compactua com o uso de força policial contra a população e criticou a condução das remoções.

Apesar disso, o governo de São Paulo declarou que continuará com as demolições, alegando que 88% das famílias já aderiram ao programa de reassentamento. No entanto, moradores contestam esse número e denunciam pressões para deixarem suas casas. “Aqui eu lutei. Foi dia e noite trabalhando, deixando meus filhos na escola, para poder correr atrás do pão de cada dia. Aqui não foi nada tirado de ninguém, não!“, desabafou uma moradora durante os protestos.

Contexto atual: Favela do Moinho

A Favela do Moinho, localizada no centro de São Paulo, é a última favela remanescente na região central da cidade. Recentemente, os moradores têm realizado protestos contra as demolições de moradias promovidas pelo governo estadual, alegando falta de diálogo e ações truculentas por parte da Polícia Militar. Os protestos incluem bloqueios de vias e confrontos com as forças de segurança.

Esses eventos refletem um histórico de resistência das comunidades periféricas frente a políticas de remoção e urbanização que desconsideram os direitos e as necessidades dos moradores.

O local é considerado a última favela remanescente no centro de São Paulo e abriga cerca de mil famílias. O governo estadual planeja transformar a área em um parque e uma estação ferroviária, como parte de um projeto de revitalização da região.

Histórico de protestos históricos contra remoções e despejos

  • Ocupação Pinheirinho II (Zona Leste de São Paulo) – Intervenção policial (março de 2013): moradores protestaram contra a reintegração de posse na ocupação Pinheirinho II, resultando em confrontos com a polícia.
  • Ocupação Mauá (Centro de São Paulo) – Luta por moradia digna: desde 2007, cerca de 237 famílias ocupam um prédio na Rua Mauá, enfrentando ameaças de despejo e realizando protestos para garantir habitação social.
  • Frente de Luta por Moradia (FLMMobilizações contínuas: a FLM tem organizado diversos protestos e ocupações em São Paulo, reivindicando políticas habitacionais justas e o direito à moradia digna.
  • Ocupação Pinheirinho II (2013-2014) – Jardim Angela (Zona Sul) – famílias sem moradia ocuparam área privada desativada. Após meses de negociação, houve tentativa de reintegração com forte resistência. Na ocasião, manifestantes bloquearam avenidas e houve confronto com a PM. A mobilização fez com que parte das famílias fosse incluída em programas habitacionais.

A comunidade do Moinho tem um histórico de resistência a remoções desde pelo menos 2009, com diversos protestos ao longo dos anos.

As manifestações devem continuar nos próximos dias, enquanto moradores e autoridades tentam chegar a um consenso sobre o futuro da comunidade.

Leia também: Governo de SP começa a retirar famílias da Favela do Moinho em meio a protestos de moradores

Jaice Balduino

Jaice Balduino

Jaice Balduino é jornalista e especialista em Comunicação Digital, com experiência em redação SEO, assessoria de imprensa e estratégias de conteúdo para setores como tecnologia, educação, beleza, impacto social e diversidade. Mineira e uma das mentoradas selecionada por Rachel Maia em 2021. Acredita no poder da colaboração e da inovação para transformar narrativas e impulsionar negócios com excelência

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