Exposição “ÀMÌ: Signos Ancestrais”, aberta ao público no Centro Cultural Arte Sesc, reúne obras inspiradas em símbolos da cultura negra

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Levando o público a fazer um passeio artístico e cultural rico em significados para a cultura negra, a exposição “ÀMÌ: Signos Ancestrais” apresenta um conjunto de obras do emblemático artista plástico Emanoel Araújo, falecido no ano passado, e de outros dois artistas convidados, Guilhermina Augusti e Raphael Cruz, com entrada gratuita.

A exposição, composta por criações que lidam com o jogo da figuração e da abstração, em diálogo com os signos relevantes para comunidade negra – já que se associam aos cultos de matrizes africanas –, está em cartaz no Centro Cultural Arte Sesc, no Flamengo, no Rio de Janeiro. Aberta ao público no início deste mês, a exposição ficará em cartaz, no Centro Cultural Arte Sesc, até 31 de outubro deste ano.

“Xangô”, obra de Emanoel Araújo, de 2021/Foto: Acervo Galeria Simões Assis.

E para entender melhor sobre o tema da exposição, basta refletir sobre o seu nome. O termo “ÀMÌ” é original da língua yorubá e significa “símbolo”. A exposição procura evidenciar esses signos e cores, que chegaram ao Brasil com os povos africanos em diásporas, junto com a ideia das formas abstratas.

De acordo com Bernardo Marques, analista de Artes Visuais do Sesc RJ, a escolha dos curadores une uma série de conceitos artísticos da cultura afro que conversam diretamente com a história desse povo.

“A constituição expositiva proposta pelos curadores, Marcelo Campos e Thayná Trindade, privilegia os símbolos e suas in(ter)serções, apontando – como a flecha do Ofá – para a ancestralidade presente na arte contemporânea produzida no Brasil”, afirma o analista, que fala ainda sobre as obras presentes na exposição. 

“Somada à obra restaurada de Emanoel Araujo, integrante da Coleção Arte Sesc RJ, estão presentes mais três trabalhos do artista, além de peças inéditas dos artistas da geração atual: Guilhermina Augusti e Raphael Cruz”.

São 13 obras assinadas pelos três artistas, principalmente por Emanoel Araújo, um dos principais nomes das artes plásticas do Brasil e fundador do Museu Afro Brasil, em São Paulo. Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, figurinista, gravador e cenógrafo, ele também foi curador, gestor e museólogo e é considerado referência no cenário artístico brasileiro.

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Para o artista carioca dessa nova geração Raphael Cruz, a exposição faz com que as pessoas reflitam sobre a presença das culturas negra e indígena na construção da identidade cultural brasileira.

“O público que for à exposição pode esperar um alerta à urgência de se criar novas narrativas efetivas, que falam sobre a extensa e rica contribuição da cultura afro-indígena na construção do Brasil, e do que conhecemos hoje”, garante o artista.

Já Thayná Trindade, assistente de Curadoria da exposição, destaca as particularidades que os jovens artistas apresentam para contribuir com o objetivo da exposição:

“Percebemos que Cruz e Guilhermina têm outras referências que já lidavam com o jogo da figuração e da abstração em diálogo com os signos afrodescendentes. Assim, apresentamos uma trama de significados transpassada por criações diversas de artistas que, hoje, assumem um lugar de representação e representatividade”.

Bernardo Marques conta que o Espaço Cultural Arte Sesc promove troca constante com as Unidades Sesc RJ distribuídas pelo Estado e que, por isso, recebe visitantes de projetos internos da instituição, além da população em geral.

Ele destaca ainda o processo e a intenção das exposições exibidas no Centro Cultural Arte Sesc. “As exposições são propostas já se pensando na circulação posterior pelas demais Unidades Sesc RJ, democratizando, assim, o acesso e a fruição artística brasileira”.

A visita à exposição pode ser feita, de segunda a sábado, das 12h às 19h, no Espaço Cultural Arte Sesc. Além da exposição e das atividades culturais propostas pelo espaço, o local também conta com o bistrô Arte Sesc, para deixar sua visita ainda mais agradável.

A programação completa das atrações culturais do Sesc RJ pode ser consultada em www.sescrio.org.br.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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