A exposição Indomináveis Presenças chegou ao Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP), e fica em cartaz até 7 de abril de 2025. Idealizada pela AfrontArt, a curadoria é de Luana Kayodê e Cíntia Guedes (curadora convidada) e tem como foco valorizar as perspectivas negras, indígenas e LGBTQIAPN+ nas artes brasileiras, a partir de um olhar disruptivo, inclusivo e transformador. A exposição é gratuita e o ingressos podem ser adquiridos através do site ou na bilheteria física do CCBB-SP.
Indomináveis Presenças proporciona ao público a oportunidade de conhecer 16 artistas de todo o Brasil, em diferentes fases de suas trajetórias, além de imergir em narrativas muitas vezes excluídas dos circuitos tradicionais. A mostra reúne 114 obras que abrangem linguagens artísticas diversas, como gravuras, fotografias, pinturas, esculturas, performances e obras criadas com recursos de inteligência artificial.
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Com uma abordagem singular sobre história, identidade e percepção, os processos artísticos se entrelaçam para questionar e transformar a forma como vemos e representamos o Brasil. Adu Santos (SP) investiga as ausências e presenças no discurso museológico, trazendo à tona uma reflexão crítica sobre a história e as instituições. Bernardo Conceição (BA), por sua vez, desafia os limites do que os olhos veem, oferecendo novas formas de perceber o mundo e a arte. Já Bixa Tropical (BA) celebra a liberdade corporal e resgata o tropicalismo brasileiro, criando uma arte vibrante, cheia de cores intensas, que questiona as normas e ressignifica a identidade nacional.
Ampliando a diversidade temática e artística, a mostra traz também Cosmos Benedito (MS), transmasculino e autista, cuja obra aborda ancestralidade indígena e descolonização por meio de artes visuais e instalações; Edgar Azevedo (BA), que transita entre o real e o imaginário, capturando emoções e a diversidade humana; Panamby (SP/MA), que apresenta obras poéticas ligadas a rituais e práticas corporais; Emerson Rocha (SP), que retrata o cotidiano da população negra e a homoafetividade periférica, desmistificando o corpo negro e trazendo luz a temas como sonho e futuro; e Gê Viana (MA), que por meio de narrativas afro-indígenas, conecta história ao cotidiano afro-diaspórico indígena celebrando dignidade e felicidade enquanto confronta a cultura hegemônica e os sistemas de arte e comunicação.
Explorando diferentes conexões entre corpo, identidade e ancestralidade, Helen Salomão (BA) aborda temas de maneira sensível por meio de sua arte; Juh Almeida (BA), que através da fotografia e do cinema aborda uma poética experimental e documental, além de construir novos imaginários afro visuais, entendendo-os como ferramentas de transformação social; e Lucas Cordeiro (BA), que investiga espiritualidade e memórias através de fotografia e escultura.
No diálogo entre tecnologia e ancestralidade, Mayara Ferrão (BA) trabalha com inteligência artificial e arte visual, abordando questões afro-brasileiras. Já Rafa Bqueer (PA) transita entre moda, escolas de samba e arte contemporânea, colocando em pauta questões raciais e LGBTQIAPN+.
Com um olhar sensível para corpos e narrativas marginalizadas, a travesti Rafaela Kennedy (AM) valoriza esses sujeitos em fotografias que rompem estereótipos; Rainha F (RJ), por sua vez, aborda a solidão de corpos negros e questões raciais no contexto LGBTQIAPN+, explorando simbologias matrimoniais para criar novas perspectivas sobre mecanismos de sobrevivência. Por fim, a artista indígena e também travesti Uyra Sodoma (PA) conecta floresta e cidade em performances marcantes, como Árvore que Anda.
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“Indomináveis Presenças é uma exposição que busca visibilizar o trabalho realizado por artistas negros(as), indígenas e LGBTQIAPN+. Este projeto surge do interesse em criar um novo espaço de valorização das artes contemporâneas brasileiras, com foco nessas comunidades que enfrentam resistência no meio. Então, nós levamos a mostra para Brasília e foi um sucesso, uma troca linda de experiências, e agora estamos trazendo a São Paulo, em um grande espaço aberto ao público”, destaca a curadora Luana Kayodê, CEO Fundadora e diretora criativa da Afontart.
De acordo com Cíntia Guedes, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e curadora convidada, a mostra foi pensada para contemplar diferentes expressões artísticas e destacar nomes de diversas regiões brasileiras. “O processo curatorial demandou muita pesquisa para definirmos os artistas participantes, pessoas que conviveram com o apagamento, mas que ainda assim fazem emergir imagens de afirmação e de emancipação da vida negra, indígena e LGBTQIAPN+. Ao todo, são 16 artistas de sete estados brasileiros, com 114 obras expostas, uma oportunidade única para conhecer mais este universo”, completa.
Há 35 anos, o Banco do Brasil investe em cultura e acredita que a arte tem o poder de promover a inclusão, a igualdade e a construção de um futuro mais justo e equitativo. A realização desta mostra representa um marco importante na valorização da diversidade e da pluralidade artística do país. “Indomináveis Presenças é um convite a refletir sobre a importância de dar voz a narrativas muitas vezes invisibilizadas e uma oportunidade de oferecer experiências enriquecedoras e transformadoras para todos os públicos, cumprindo nosso objetivo de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura”, afirma Cláudio Mattos, Gerente Geral do CCBB SP.
Com produção da AfrontArt – Quilombo Digital de Artes junto ao Centro Cultural Banco do Brasil, o projeto conta com patrocínio do Banco do Brasil e apoio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, Lei Rouanet.