Exposição gratuita “Constituinte do Brasil Possível”, com obras de artistas negros do país, estará no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro de 10 de outubro a 30 novembro

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Junto com a exposição, também será lançado o website educacional Linha de Cor, projeto transmídia que investiga e analisa leis racistas e ações de resistência

Após realizar convocação pública de artistas negros de todo o país, a exposição “Constituinte do Brasil Possível” chega ao Centro Cultural Correios Rio de Janeiro (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro), de forma gratuita, no dia 10 de outubro e ficará até o dia 30 de novembro.

Os 20 artistas selecionados, por meio de edital, convidam o público a visualizar imaginários sociais e políticos de um Brasil Possível, mais inclusivo, por meio de obras nos formatos de videoarte, instalação, fotografia, grafite, intervenção têxtil, colagem, zine, esculturas e pinturas. As visitas vão ocorrer de terça-feira a sábado, das 12 às 19h.

Além disso, junto com a exposição, também será lançado o website Linha de Cor (www.linhadecor.com), um projeto transmídia de arte e educação que investiga e analisa leis que contribuíram para a marginalização da população negra e as políticas de branqueamento racial na sociedade brasileira. As duas atividades, a exposição e o Linha de Cor, fazem parte da mesma iniciativa, que envolve pesquisa, educação e audiovisual realizados por pessoas negras.  

Impressão lenticular “Marielle Franco Yaure Iomane”, por Denis Moreira, é uma das artes que compõem a exposição

Idealizado pela diretora Mariana Luiza, que foi selecionada para a categoria competitiva do Festival Internacional de Documentário de Amsterdã 2023 (IDFA) com a instalação imersiva “Redenção”, o projeto tem curadoria coletiva assinado por ela, pelas professoras Ana Flávia Magalhães Pinto (História-UnB e Arquivo Nacional) e Thula Pires (Direito-PUC-Rio), e pelo arquivista e mestre em Museologia e Patrimônio, Yago Lima. A iniciativa tem o objetivo de formar um imaginário social de perspectivas negras a partir de projetos de nação mais inclusivos. 

“O projeto nasce do desejo de entender o papel do Estado brasileiro na construção da identidade nacional. A proposta do site é evidenciar como diversas normas jurídicas, desde 1823 até os dias de hoje, contribuíram e continuam contribuindo para a manutenção de hierarquias e do terror racial e de gênero no Brasil. Além da denúncia, fazemos um resgate de histórias de enfrentamento, de figuras políticas pretas, a estas normas jurídicas, que por diferentes motivos, foram apagadas da história oficial. A exposição é uma parte essencial dessa denúncia, mas ela vai além. Ela nos abre a possibilidade de resgatar projetos políticos do passado que apontam para um “Brasil Possível” – um Brasil onde o bem viver seria uma realidade, permitindo uma existência plena, com relações equilibradas entre as pessoas e com a natureza”, explica a idealizadora do projeto Mariana Luiza.  

Os artistas que compõem a equipe da exposição são de diversos estados do Brasil, como Bahia, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Confira a lista dos projetos e seus respectivos autores: “O banquete de Ilu-Aiê”, de Airá Ocrespo; “Portal Negro”, de Almeida da Silva; “Tá Diferente”, de Chris Tigra; “Série: efeito, reação e ação”, de Denis Moreira; “Imaginário RGB”, de Emerson Caldas; “De Cor”, de hugo oguh; “Ecoâncias”, de Keysa Oliveira; “No Ateliê”, de Lucius Goyano; “Nova Aurora”, de Luna B.; “Carinhosa-Cafuné José”, de Marcel Diogo; “Balão do não esquecimento”, de Mariana Luiza/Lúcio Ventania; “Mural Pretogues: usos e sentidos”, de Renaya Dorea; “Abebès e o poder das Grandes Mães D’água”, de Sérgio Soarez; “Série: ’Forjar a liberdade’’’, de Tauã Reis; “Aqui faço presença dos que foram e dos que vão vir”, de Travadon4, entre outros. 

“Essas obras são um convite para um exercício de imaginação histórica com o potencial de desnaturalizar narrativas hegemônicas. Estamos diante de fabulações de um Brasil verdadeiramente possível à luz da nossa capacidade coletiva de frustrar projetos de destruição. A exposição evoca um estado de existência que confronta a violência que insiste em nos definir como ‘objetos’ ou ‘quase cidadãos’, que nos permite reafirmar atos e desejos de liberdade de pessoas negras ao longo do tempo. Criamos, assim, um 14 de Maio de 1888 [um dia após a abolição da escravatura] permanente, como um acerto de contas com as promessas que nem chegaram a ser integralmente feitas durante momentos emblemáticos como a Independência e a Abolição”, comenta a curadora da exposição Ana Flávia Magalhães. 

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