A exposição individual “Comigo Ninguém Pode – A pintura de Jeff Alan”, exibe as feições, texturas e tons retintos de personagens reais do cotidiano popular do Recife, retratados em 40 obras do artista visual pernambucano que nasceu e cresceu no Barro, na periferia da capital pernambucana. Agora, a mostra chega à Caixa Cultural Rio de Janeiro.
A mostra tem entrada gratuita e fica aberta até 14 de abril. O projeto tem patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, sob a gestão e produção da Fervo Projetos Culturais. Entre as obras selecionadas pela curadoria de Bruno Albertim, as pinturas de pessoas pretas preenchem as molduras dos quadros dando a elas o protagonismo que historicamente lhes foi negado, um traço político que fundamenta a trajetória artística de Jeff.
A narrativa da exposição individual do artista tem completa relação com o Rio de Janeiro e o cotidiano das favelas. A exposição já foi vista por 85 mil pessoas, em uma curta temporada de três meses, na Caixa Cultural Recife.
“Hoje a gente vê a explosão do figurativismo negro e periférico. Esse rosto que aparece nas obras é o mesmo rosto negro que foi silenciado durante anos no Rio de Janeiro. A gente ficou muito surpreso com o diálogo estabelecido com o público. Agora, no Rio, a gente espera encontrar espectadores que esteja ansioso por entender que estamos querendo mudar a curva da construção das identidades visuais”, diz Bruno Albertim, curador da mostra.
Nos 40 trabalhos figurativos presentes na exposição em dimensões diversas, em acrílica sobre tela e desenho sobre papel, Jeff Alan retrata o cotidiano e o movimentar das ruas por onde passam personagens que protagonizam sua obra.
O próprio nome da exposição também fala desse lugar. “Comigo Ninguém Pode” é o nome popular de uma planta comum nos terraços ou calçadas das casas no bairro onde vive Jeff. “Serve como um amuleto. Dizem que quando a planta está ali evita os olhares de azar para aquela residência“, conta o curador.
Jeff é daltônico e pinta desde a infância motivado pela sua mãe, Lucilene Mendes. É no Barro, onde vive e mantém seu ateliê, na Zona Oeste do Recife, e em outras comunidades periféricas que ele encontra seu material poético. A dedicação em usar seus pincéis evidencia os traços estéticos das gentes simples que compõem o tecido urbano de áreas vulnerabilizadas.
“Eu sou um artista de periferia. Nasci e me criei nas quebradas. É onde eu quero viver, respirar e vivenciar, é de onde vem minhas referências, onde meu coração pulsa mais forte. Eu preciso estar nos lugares onde vivem famílias pretas. Quero dialogar com a juventude preta e periférica do Rio, que tem tantos sonhos em comum com a juventude de outros lugares semelhantes do Brasil. Sabendo que no Rio tem tantos artistas pretos com proposta de trabalho parecida é bem importante“, diz Jeff Alan.
O artista já teve obras expostas em países como França e Inglaterra e conquista cada vez mais atenção do público e crítica, despontando como um dos principais nomes das artes visuais do Estado e do mercado de arte contemporânea brasileira.
A exposição contará com legendas em braile e QR code com a audiodescrição das peças, que destacam os traços e biotipos de crianças, jovens e adultos negros que entrecruzam o caminho do artista.
Sobre Jeff Alan
Jeff Alan pinta o mundo de fora para dentro. Autodidata, daltônico, 32 anos e morador do bairro do Barro, periferia do Recife, seu trabalho é uma celebração das cores e formas das pessoas do cotidiano. Suas pinturas afro-realistas são construídas com base nessa inspiração, utilizando o pincel como sua principal ferramenta de trabalho, autoafirmação e ativismo. Por meio de traços intensos, ele busca dar destaque a biotipos historicamente marginalizados, promovendo a história e singularidade das pessoas pluralistas, simples, trabalhadoras e trabalhadores urbanos – homens, mulheres e crianças. Jeff percorre o mundo, transformando muros de ruas e vielas de áreas descentralizadas em sua galeria a céu aberto, com uma narrativa acessível. Sua arte reverencia e coroa a estética e a força do povo preto. As obras de Jeff são vivas, pulsantes e revolucionárias, representando a melanina em sua plenitude.
O promissor artista já realizou exposições individuais em Pernambuco, no Cabo de Santo Agostinho, no Engenho Massangana (2022/2023), em Olinda, na Casa Estação da Luz (2022) com a exposição “Comigo Ninguém Pode – A pintura de Jeff Alan. Em São Paulo, expôs na A7MA Galeria | SP (2023) com a exposição “Coragem”.
Em coletivas no Brasil, participou em 2021 da “Cúpula do Caminho Niemeyer (2019); A7MA Galeria | SP (2021) com a exposição “Múltiplo In-comum”; Museu do Estado de Pernambuco com a exposição “Tempo Tríbio”; Galeria Marco Zero | PE (2022) com a exposição “Chama”; Arte Plural Galeria (2022) com a exposição “A Seguir”, A7MA Galeria | SP (2022) com a exposição “10 Anos”; Museu do Estado de Pernambuco (2022) com a exposição “XXI Exposição do IMIP” e Museu do Estado de Pernambuco (2022) com a exposição “Sempre Nunca Fomos Modernos”. Participou também da Galeria Amparo 60 | Casacor PE (2022) e Galeria Amparo 60 (2022) com a exposição “Entrar no Acaso e Amar o Transitório”, além de ter participado da SP-Arte (2023), do Museu do Estado de Pernambuco (2023) com a exposição “XXII Exposição do IMIP” e “Comigo Ninguém Pode”, na Casa Estação da Luz, em Olinda (2022).
No âmbito internacional, destacam-se suas participações nas coletivas da 193 Gallery | França (2022) com a exposição “Resilience” e na Stella Dore Gallery | Inglaterra (2022) com a exposição “Stronger Together”.
Serviço:
[Artes visuais] Exposição “Comigo Ninguém Pode – A pintura de Jeff Alan” Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Rua do Passeio, 38, Centro. Abertura: 21 de fevereiro, das 17h às 20h.
Período: 21/02/2024 a 14/04/2024
Entrada gratuita
Visitação: terça a sábado, 10h às 20h. Domingo das 11h às 18h.
Classificação indicativa: Livre
Acesso para pessoas com deficiência
Informações: (21) 3980-3815 | CAIXA Cultural
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
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