Expo Favela: “A gente coloca 4 mil favelados por dia pra consumir arte, intelectualidade e potência”

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São Paulo (SP), 17/03/2023 - O diretor-geral da Expo Favela 2023, Celso Athayde, faz a abertura da feira de negócios. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Notícia Preta esteve presente na Expo Favela, uma feira de negócios que liga os negócios de favela a investidores. O evento aconteceu na Cidade das Artes, no Rio de janeiro, nos dias 29, 30 e 31 deste mês . E neste domingo (30), conversamos com os funcionários da Expo Favela, as pessoas dos bastidores que constroem esse mega evento que acontece em vinte cidades ao todo, para saber mais sobre a origem das pessoas que organizam e como organizam o evento.

Larissa Neves, mais conhecida como Lari Neves que na Expo Favela é produtora artística falou sobre a dimensão do evento, que levou cerca de 12 mil pessoas a Cidade das Artes, 4 mil em cada dia e sobre o desafio de fazer acontecer esse evento.

“Um dia antes do evento eu só chorava por que foi quando a minha ficha caiu que a gente estava colocando uma média de 4 mil favelados por dia pra consumir arte, intelectualidade e potência. A nossa curadoria foi muito especial e está muito dentro do que eu acredito, porque a favela é isso, potência, arte, intelectualidade. Então fazer parte desse projeto colocar esses 4 mil favelados aqui pra consumir na Barra da Tijuca na cidade das Artes pra conseguir tudo isso é lindo demais” disse a produtora artística.

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Lari Neves além de produtora artística faz psicologia e é passista no carnaval – Foto retirada do Instagram.

Trabalhando há mais de 10 anos na Central Única das Favelas (CUFA) e viajando por todo o Brasil em projetos da Instituição, Marcos Danilo contou ao Notícia Preta como este evento conecta a favela ao asfalto.

“Tive em mais de 20 favelas in loco visitando pessoas que fazem diferença nas suas comunidades através do seu trabalho e conseguimos trazer pessoas pra cá pra dentro da Expo. Teve pessoas que se inscreveram e ganharam um stand e pessoas que fomos buscar através desse processo de captação de talentos então aqui, todos vão tendo essa oportunidade de fazer network, uma rede de conhecimentos. Porque além da troca de você conhece outras coisas que acontecem, você consegue vir captar recursos ou uma mentoria.” explicou Marcos sobre o processo de recrutamento de empreendedores.

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Marcos Danilo ganhou o prêmio Empreendedor Social do ano de 2020 – Foto retirada do Linked In.

Na Expo Favela foi possível ver uma grande diversidade de negócios, no ramo da beleza, cabeleireiros, trancistas, hamburgueria, acarajé, livros e tecnologias como painel solares. Sobre a diversidade de empreendedores, Marcos falou que a curadoria tinha a missão de captar o diferencial de cada empreendedor de cada uma dessas vertentes.

Os produtores deste grande evento também falaram sobre sua origem, Lari revelou que é “de vários lugares do Rio de Janeiro, cria do Horto, Curicica e Irajá“. Questionada como foi passar parte da sua vida no Horto uma comunidade no Jardim Botânico, na zona sul do Rio, ela contou como é viver em duas realidades distintas.

“Parte da minha família mora no Horto, a minha mãe e meu pai, moram na Curicica e aí eu vivi ali as férias e finais de semana no Horto. Então eu vivi dois mundos mesmo, um pouco de caos, um pouco de natureza, com cachoeira, com lagoa, com praia… com tudo isso” ,disse a jovem produtora.

Já Marcos é cria da maré, “especialmente no parque união e da Nova Holanda”, disse ele.

A produtora artística ressaltou que fazer a ponte entre o asfalto e a favela fica “muito mais complexo quando a gente precisa dizer o óbvio pro outro lado, porque a favela é cultura ,intelectualidade, potência.” segundo ela.

Marcos ressaltou a importância de um evento nacional que esteja sempre alavancando e promovendo empreendedores periféricos.

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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