O mandato de Donald Trump pretende acabar com o financiamento dos EUA para a Gavi The Vaccine Alliance, uma organização responsável pelo apoio de vacinas contra 20 doenças infecciosas, incluindo COVID-19, Ebola, malária e raiva. A informação consta em um documento, segundo relatado pela primeira vez pelo New York Times.
A Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional preparou um documento revelando os cortes. Analisado pela agência Reuters em 26 de março, o documento de 281 páginas lista 898 programas que permanecerão ativos, totalizando US$ 78 bilhões em gastos – grande parte dos quais, segundo a declaração, já foi desembolsada.

Os financiamentos vão ser mantidos para alguns subsídios destinados a medicamentos que tratam do HIV, tuberculose e ajuda alimentar estados em risco de desastres naturais e guerras civis. A Gavi declarou que “este suporte é vital para as suas operações, com ele podemos salvar mais de 8 milhões de vidas nos próximos 5 anos e dar a milhões de crianças uma chance melhor de ter um futuro saudável e próspero“, disse, em um comunicado no X (antigo Twitter).
Esta medida pode ameaçar a saúde de 75 milhões de crianças, colocando em alerta uma possível epidemia a longo prazo de doenças infecciosas pela falta da imunização preventiva, de acordo com os dados da Gavi.
A redução drástica na ajuda externa para outras nações se alinha à política atual do novo governo do país, “America Primeiro”. Além da saúde, mais de 80% de contratos foram cortados por supostamente não servirem aos interesses dos estadunidenses.
Leia também: Brasil sai da lista dos países com mais crianças não vacinadas no mundo, apontam UNICEF e OMS
O congelamento de dezenas de bilhões de dólares nesse cenário vai impactar diretamente vários países que continuam a não vacinar um número excessivo de crianças. O que pode vir a ser um desafio para a saúde pública global.
Apesar disto, o último relatório da UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que o Brasil avança na imunização infantil e sai da lista dos países com mais crianças não vacinadas no mundo.
Houve avanços positivos, mas globalmente o cenário segue diferente. A cobertura global de imunização infantil estagnou em 2023, deixando 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta.