Estado brasileiro pede desculpas por negligência com ossadas de vítimas da Ditadura Militar, encontradas em vala clandestina

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Ósseos negligenciados durante a ditadura militar foram descobertos em 1990 no Cemitério Dom Bosco, localizado no bairro de Perus, Zona Noroeste de São Paulo

Nesta segunda-feira (24), a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Macaé Evaristo, pediu desculpas em nome do Estado brasileiro, pela negligência na guarda e identificação dos remanescentes ósseos da Vala Clandestina de Perus, deixados no local durante a ditadura militar. O pedido de desculpas aos familiares aconteceu em uma cerimônia, em referencia ao “Dia da Memória, pela Verdade e pela Justiça”.

O caso nomeado como Vala Clandestina de Perus, teve como vestígio a violação de direitos humanos, que ocorreu durante a ditadura militar, quando corpos foram enterrados ilegalmente. Entre eles, havia indigentes, desconhecidos e aqueles que foram considerados opositores ao golpe militar iniciado em 1964. 

Ministra de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Macaé Evaristo em Cerimônia de Pedido de Desculpas referente à Vala Clandestina | Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Após 26 anos, em 1990, foram descobertos ósseos de 1049 corpos, direcionados à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e posteriormente encaminhados para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Em decorrências as várias denúncias das condições precárias de armazenamento das ossadas, eles foram realocados para o Instituto Médico Legal do Estado de São Paulo, em seguida levados ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde ocorreu os trabalhos de identificação desses ósseos negligenciados. 

Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, Zona Noroeste de São Paulo | Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O Estado brasiliero pediu desculpas aos familiares dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar e à sociedade brasileira pelo descaso, entre 1990 e 2014, na condução dos trabalhos de identificação das ossadas encontradas na Vala Clandestina de Perus. O pedido de desculpas fez parte de um acordo entre familiares de desaparecidos e a União, após uma ação pública movida pelo Ministério Público Federal.

“A ação civil pública se deu no atraso da identificação dos desaparecidos políticos. O governo federal, através do Ministério os Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), está comprometido a continuidade e finalização dos trabalhos de identificação dos remanecentes ósseos da vala de Perus”, afirmou a ministra Macaé Evaristo na cêrimonia.

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Nathalia Ferreira

Nathalia Ferreira

Jornalista com pós-graduação em Social Media e MBA em Digital Business. É estratégista de comunicação digital e social intelligence, atuou em análise de dados, geração de insight e já liderou a comunicação corporativa em consultoria étnico-racial. Nathalia tem como propósito contribuir com uma comunicação antirracista e alavancar ações efetivas e de impacto social através da comunicação.

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