Surgindo na ausência de referências negras dentro das escolas quando o assunto é retratar o país, a Confraria do Impossível estreia o espetáculo “Quebrando Paradigmas”, que homenageia os 80 anos do Teatro Experimental do Negro. O espetáculo entra em cartaz no Teatro Correios Léa Garcia, no Rio de Janeiro, até o dia 31 de maio.
O espetáculo proporciona ao público uma aula de história, identidade, poesia e música, sob a perspectiva de um jovem negro de 23 anos, interpretado por Lucas Popeta, que cresceu ao lado de uma comunidade periférica. As sessões ocorrem às quintas, sextas e sábados, sempre às 19h, até o dia 31 de maio. Ingressos por R$20 (inteira) e R$10 (meia).

Resgatando nomes importantes das artes dramáticas do país e assim homenageando os 80 anos do Teatro Experimental do Negro, “Quebrando Paradigmas” questiona: o que acontece quando um jovem se depara com a história e se reconhece nela? É nessa conexão que encontra-se a verdadeira quebra de paradigmas. É ao descortinar o esquecimento, a ignorância imposta, que o espetáculo busca expandir as possibilidades e incentivar o público a trilhar novos caminhos junto ao protagonista, como explica a diretora Gizelly de Paula: “A peça é sobre expansão. Quando desconstruimos, questionamos e, com isso, estamos ampliando nossas perspectivas”.
O espetáculo evoca a força de vozes que foram silenciadas, mas que ainda ressoam através do tempo, construindo novas possibilidades de entendimento e liberdade. “Ainda que silenciadas no passado, essas vozes deixaram suas marcas, e é por isso que estamos em cena hoje. Evocar essas vozes nos permite caminhar mais livres, pois a ancestralidade nos aponta o caminho adiante. Nunca é para o agora; é sempre para o futuro”, reflete Gizelly.
Refletindo a luta pela transformação pessoal e coletiva em um país cheio de contradições e desafios, o espetáculo traz à tona uma linha do tempo que foi esvaziada, mas que agora começa a ser preenchida. Como ressalta o idealizador, dramaturgo e ator Lucas Popeta. “Esse é um país construído por pessoas que a gente desconhece. Sendo assim, ao trazer narrativas em que negras e negros são protagonistas, nós estamos criando novos pensamentos”.
A produção celebra os 15 anos da Confraria do Impossível, que há uma década e meia se dedica a fortalecer o legado do Teatro Experimental do Negro e a criar espaços de reconhecimento e valorização das vozes negras no teatro brasileiro.
SINOPSE
A peça narra a trajetória do Brasil através da arte dramática, vista pelos olhos de um jovem negro. Crescendo ao lado de uma comunidade periférica, ele decide mergulhar no teatro brasileiro e, ao longo de sua jornada, se depara com a dura realidade da falta de consciência social e racial. Essa vivência o transforma, moldando sua visão de mundo e conectando sua identidade de menino inseguro à um trabalhador, artista, à um revolucionário político.
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