Espetáculo infantil “Quizumba” reverencia artistas negros do circo

Quizumba_LoiLimaFoto-Ricardo-Avellar-min-scaled-1.jpg

Na foto de Ricardo Avellar, a atriz Loi Lima (palhaça Ursa Maior) em cena do espetáculo circense Quizumba

Até o dia 29 de julho, o espetáculo circense Quizumba leva nomes de artistas negros ao projeto Biblioteca Viva, uma das ações culturais do Férias nas Bibliotecas, em São Paulo. A entrada é gratuita.

Direcionado ao público infantil, o solo idealizado pela atriz e palhaça Loi Lima, do coletivo paulistano Rainhas do Radiador, propõe uma reverência àqueles que fizeram parte da construção do circo brasileiro; homens e mulheres desconhecidos do respeitável público que abriram caminhos para que outros artistas negros pudessem, hoje, protagonizar a cena.

São eles: Benjamin de Oliveira (1870-1954), compositor, cantor, ator e primeiro palhaço negro reconhecido nacionalmente; João Alves da Silva (1871-1954), filho de mãe escravizada, fundador do Circo Teatro Guarany; Maria Eliza Alves dos Reis (1909-2007), intérprete do palhaço Xamego, filha de Alves e pioneira na palhaçaria feminina; e Marina do Carmo Oliveira (1947-2016), eternizada como A Mulher Pantera, uma das lutadoras circenses de maior destaque no país. 

Com entrada gratuita, as apresentações de Quizumba acontecem nas bibliotecas públicas Érico Veríssimo (20/7, 14h), na Parada de Taipas; Jamil Almansur Haddad (21/7, 14h), em Guaianases; Gilberto Freyre (23/7, 11h), em Sapopemba; Rubens Borba Alves de Moraes (27/7, 14h), no Jardim Matarazzo; Viriato Corrêa (28/7, às 15h), na Vila Mariana; e Roberto Santos (29/7, 13h30), no Ipiranga.

No enredo, o circo chega à cidade e traz consigo uma novidade: um corpo negro feminino ocupa o centro do picadeiro e conduz o show. É a palhaça Ursa Maior (Loi Lima). Acompanhada de Solange, sua capivara de estimação, ela apresenta números autorais de magia, mistério e eventos sobrenaturais que prometem muita diversão e interação com o público. 

Na foto de Ricardo Avellar, a atriz Loi Lima (palhaça Ursa Maior) em cena do espetáculo circense Quizumba

Por meio da manipulação de bonecos, da música e da palhaçaria, o trabalho versa sobre a memória e a ancestralidade na formação de referencial, pertencimento e autoestima do indivíduo em sua infância. Assim, fala aos mais novos sobre a importância de honrar os mais velhos. De forma lúdica, divertida e poética, busca transmitir a mensagem: um povo que não sabe de onde vem, tampouco saberá para onde ir.

“Fazer Quizumba nas bibliotecas é poder dialogar com as mais diversificadas infâncias e, em sua maioria, infâncias pretas. É preciso que o encontro aconteça, se não nas salas convencionais de teatro, muitas vezes elitizadas, que seja nos lugares públicos, nas ruas e nas praças. Nas bibliotecas, de repente, o lugar onde reina o silêncio é tomado por risos, aplausos e alegria. Um espaço que já é todo magia, ganha outras possibilidades de ludicidade”, reflete a artista Loi Lima sobre a circulação iniciada no último dia 2 de julho, na zona Leste.

Desde o início do mês, o espetáculo já passou pelas Bibliotecas Hans Christian Andersen e Cassiano Ricardo, ambas no Tatuapé; Biblioteca Lenyra Fraccaroli, na Vila Carrão; Biblioteca Vicente Paulo Guimarães, na Vila Curuçá Velha; Biblioteca Pedro Nava, no Mandaqui; Biblioteca Prefeito Prestes Maia, em Santo Amaro; Biblioteca Malba Tahan, na Capela do Socorro; e Biblioteca Raimundo de Menezes, em São Miguel Paulista.

Desenvolvida desde 2017, fruto dos processos de pesquisa de Lima, a peça busca reinvindicar a liberdade de expressão do povo negro no campo artístico e reverter parte do apagamento histórico dessas relevantes figuras do circo nacional. Ao mesmo tempo que evoca criticamente o passado, a obra revela o momento atual da produção circense pela perspectiva negra e feminina. 

SERVIÇO 

Circulação Quizumba

20/7, quarta, às 14h – Biblioteca Érico Veríssimo (Rua Diógenes Dourado, 101 – Parada de Taipas)

21/7, quinta, às 14h – Biblioteca Jamil Almansur Haddad (Rua Andes, 491 – Guaianases)

23/7, sábado, às 11h – Biblioteca Gilberto Freyre (Rua José Joaquim, 290 – Parque Luis Mucciolo/ Sapopemba)

27/7, quarta, às 14h – Biblioteca Rubens Borba Alves de Moraes (Rua Sampei Sato, 440 – Jardim Matarazzo)

28/7, quinta, às 15h – Biblioteca Viriato Corrêa (Rua Sena Madureira, 298 – Vila Mariana)

29/7, sexta, às 13h30 – Biblioteca Roberto Santos (Rua Cisplatina, 505 – Ipiranga)

Entrada gratuita
Classificação: Livre
Duração: 50 minutos

LEIA TAMBÉM: A luz de Aisha: escritoras lançam livro infantil baseado no povo Bantu

Deixe uma resposta

scroll to top