A obra debate a existência do corpo negro através das lutas, perdas e resistências cotidianas
Estreia no próximo dia 10 de abril a obra A Mulher Sem Cabeça, idealizada pela feminista negra, produtora cultural e artista interdisciplinar, Sanara Rocha. A peça será transmitida de forma totalmente virtual pelo canal do YouTube da Plataforma Futurismos Ladino Amefricanas (F.L.A). De acordo com Sanara Rocha, a obra é uma performance-ensaio rito-musical dividida em dois experimentos audiovisuais: uma vídeo-performance intitulada Corpo Ebó, prenúncio para a ficção futurista e audiovisual A Mulher Sem Cabeça.
Estrelada pela realizadora, ambas as apresentações debatem o corpo negro, feminino e as violências que, fruto do racismo, machismo e preconceitos, atravessam também o corpo da artista. Ainda segundo Sanara, as performances que, não se complementam, nem dependem uma da outra, dizem de uma mesma poética e tecnologia de resistência e enfrentamento, ao se apoiarem em uma mesma imagem, o corpo poético negro-feminino, como a mais eficaz tecnologia de resistência à colonialidade, nesse experimento do ser em movimento. “O corpo ebó é esse corpo deixado de tocaia nas encruzilhadas para afrontar o sistema com a desorganização de uma ordem construída para violentar a nós, pessoas não brancas e não normativas, de muitas maneiras. Re-existo como força desviante de possíveis capturas ou normas e transformo as minhas lutas contra a estrutura racista em um corpo-ginga, em um corpo-ebó contra-genocídios”, afirma.
Sanara conta ainda que A Mulher Sem Cabeça é uma ficção autobiográfica, que se apoia na linguagem da performance audiovisual para contar uma história ficcional-autobiográfica. Na trama, o alter-ego de Sanara busca meios de romper com os limites e violências psíquicas impostas pela colonialidade para um corpo negro-feminino, através de tecnologias e saberes ancestrais que lhe dão o sustento para experimentar novos processos de reinvenções de si. “Perdi a minha cabeça muitas vezes durante a minha vida, mas sem dúvidas, depois de tantas violências acumuladas e silenciadas em mim, (perder minha mãe desencadeou isso. Minha mãe tinha o dom de conseguir acalmar muitos processos dentro de mim, e perder ela foi a gota d’água para minha morte e renascimento) não me contive, me permitir ruir, perder a minha cabeça de vez para achar uma nova, um novo orí, nessa descolonização da minha imaginação para sobreviver em uma sociedade em que tudo opera para que mulheres como eu não existam, não escapem, não se reinventem no reencontro com seu corpo” completa Sanara.
Serviço
O que: Performances Corpo Ebó e A Mulher Sem Cabeça
Onde: Youtube – Futurismo Ladino Amefricanas
Quando: 10 e 20 de abril