Especialista afirma que calor intenso afeta mais pessoas em vulnerabilidade

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O Rio de Janeiro registrou 58,5º C, a maior sensação térmica desde 2014 na última terça-feira (14), o serviço municipal de meteorologia Alerta Rio, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, o termômetro registrava 35,5 ºC no momento. A arquiteta e urbanista, Tainá de Paula, disse, em entrevista ao Notícia Preta, que as ondas de calor podem afetar mais as pessoas periféricas e em vulnerabilidade econômica.

Em setembro deste ano o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de “grande perigo” para áreas localizadas em nove estados do país. Uma onda de calor ocorreu e, segundo o Climatempo, as áreas mais afetadas são Centro-Oeste, Norte e interior do Nordeste.

O Rio de Janeiro chegou a registrar sensação térmica de 58,5ºC – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Ela explicou que o calor é mais intenso em áreas de maior adensamento urbano – como costumam ser as favelas e periferias. Além da vulnerabilidade climática, essa população também se encontra em situação de vulnerabilidade econômica, o que a afasta de soluções de conforto térmico como ar-condicionado, pé direito mais alto das construções e janelas amplas.

“Além disso, as populações periféricas são, em sua maioria, negras, que é um grupo populacional mais afetado por doenças cardiovasculares – e essas são as que têm maior crescimento em épocas de maior calor”, afirma.

Tainá explica que as principais consequências desse aumento de temperatura nas regiões periféricas, são a proliferação de doenças como as cardiovasculares e de veiculação hídrica. Mas ela alerta que para prevenir e cuidar da saúde nesse período, as pessoas devem procurar áreas de sombra e arborizadas, ingerindo bastante água e, se possível, evitando sair nos horários de maior temperatura e índice de raios UV – 10h às 16h.

“O papel dos órgãos públicos nesse período é garantir acesso a água e a áreas verdes, além de preparar as unidades de saúde para atendimentos especializados para as doenças decorrentes do calor”, pontua a urbanista que também é secretária Municipal de Ambiente e clima da cidade do Rio de Janeiro..

Ela explica ainda que deve haver esforço global para evitar o aumento da temperatura média do planeta, e isto já é consolidado por acordos multilaterais importantes, como a Declaração do Rio 1992, o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015).

Este último tem como objetivo principal impedir que a temperatura média do planeta suba mais que 2ºC em relação à média pré-industrial – e, em uma meta mais ambiciosa e melhor para a vida do planeta, que este parâmetro seja mais baixo, 1,5ºC. Para isso, são importantes ações globais e locais de mitigação, ou seja, redução de emissões de gases de efeito estufa.

“O esforço global de reduzir drasticamente suas emissões e neutralizar as residuais é o caminho para evitar o aquecimento do planeta, que além da consequência direta de mais calor tem outros diversos impactos”, afirma.

“Como a redução da biodiversidade, a acidificação dos oceanos, a alteração dos ritmos de chuva (provocando o aumento de alagamentos e de secas) e o aumento na intensidade e frequência de eventos extremos (como furacões e ciclones)”, finaliza Tainá.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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