Escritor é criticado nas redes por guardar livros que diz conter registros sobre escravização no Brasil

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Nos últimos dias, o escritor e também colecionador Eduardo Heldt Urban compartilhou em seu perfil nas redes sociais, livros raros que ele afirma possuirem registros sobre pessoas que foram escravizadas no Brasil, ambos do século XIX. Um deles é um livro cartorial com as penas executadas contra as pessoas escravizadas da época, e outro possui os registros de alforria. Nas redes sociais, internautas criticaram o escritor por manter esses livros sob domínio particular, que segundo eles, deveria estar sob domínio público.

Estes documentos são patrimônio da sociedade brasileira, devem ficar a livre acesso aos pesquisadores em um arquivo, se eram de uma instituiçao ainda pertence a ela. Não faz nenhum sentido esse tipo de documentação estar sob posse particular. Mesmo sendo adquirido a este legalmente, não há sentido nenhum, se possível doe pra pesquisas ou digitalize o documento para que o acesso a ele seja aberto“, escreveu um internauta, nos comentários de um dos vídeos.

Eduardo Heldt Urban afirma que possui livros raros de registros sobre pessoas que foram escravizadas no Brasil /Foto: Reprodução

O primeiro livro compartilhado, segundo o escritor, foi resgatado de um incêndio de um antigo cartório na cidade de Rio Grande, onde hoje é localizado o Rio Grande do Sul. Nele, o escritor mostra nomes de pessoas que foram escravizadas, sem sobrenome, preso por “andar nas ruas fora de hora” e punido fisicamente por isso.

O segundo ele diz que “quse foi apagado da história“, e que também pertenceu a um cartório de Rio Grande (RS), com os nomes de pessoas escravizadas libertas. Segundo ele, uma “lista real de pessoas avaliadas como ‘aptas’ ou ‘inaptas’ à liberdade“.

Nos comentários, outros internautas continuaram criticando a atitude do rapaz de ficar com os livros, e questionando se estavam à venda. “Você está vendendo esse livro? Espero que não porque é um documento de interesse público e as informações nele conditas precisam chegar ao conhecimento de todos, gratuitamente“, escreveu a internauta.

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Após a pressão, Eduardo, em resposta a outro internauta, informou que os livros não serão vendidos. “Esse livro não está a venda, será restaurado e depois digitalizado e publicado para que o público tenha acesso“, chegou a escrever. Mas também afirmou que não pretende entregá-lo a nenhuma instituição. “Este livro será restaurado e ficará no meu acervo. Planejo fazer exposição (gratuita) dos meus livros na casa de cultura da cidade“.

Ainda sim, muitos destacaram a importância do material ficar com isntituições como o Museu Nacional ou o Museu Afro, para presenvação da história. “Esse material deveria estar sob cuidados de pessoas negras, algum responsavel por movimentos culturais. Não é artigo de colcionador pra branco ficar exibindo, é um documento histórico“, disse outro.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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