Cinco! Esse é o número de crianças mortas durante ações policiais em favelas da cidade do Rio de Janeiro, somente este ano. Dados do aplicativo Fogo Cruzado revelam que mais onze foram feridas por disparos de armas de fogo.
Ágatha Félix, Kauê Ribeiro, Kauan Rosário, Kauan Peixoto e Jenifer Cilene Gomes juntam-se à estatística de pessoas mortas em operações da PM. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, entre janeiro e agosto de 2019 foram registrados 1.249 casos de pessoas mortas pela polícia do estado. Uma média de cinco mortes por dia. Recentemente, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgou que a maioria dos mortos nessas ações são negros.
Após ser questionado sobre o caso da menina Ágatha Félix, atingida por um tiro nas costas, durante uma intervenção policial na comunidade da Fazendinha, o governador do estado afirmou que o caso será investigado. “E, como a situação se desbordou para fazer palanque em cima do fato, eu preferi então reunir nosso governo para que nós déssemos uma explicação de Estado. A major Fabiana, secretária de Vitimização do Estado, vem trabalhando em silêncio, juntamente com a secretária Cristiana, para fazer o atendimento a esses vitimados”, informou.
Devido ao uso de forças policiais contra civis, incluindo crianças, o governador foi denunciado a ONU (Organização das Nações Unidas). A denúncia partiu da ONG Justiça Global juntamente com oito entidades que atuam em comunidades do Rio de Janeiro.
As mortes dessas crianças têm chamado a atenção de instituições nacionais e internacionais. Órgãos como OAB, Unicef Brasil e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pediram que o governo priorize as investigações desses homicídios. A Anistia Internacional divulgou uma nota salientando que a função da segurança pública é proteger as crianças e os adolescentes.
“A responsabilidade do governador é prevenir e combater a violência com inteligência, levando em consideração que todas as vidas importam. E não deixar um rastro de vítimas que deveriam ter sido protegidas pelo Estado, como Ágatha e mais de mil pessoas mortas, só este ano, por agente de segurança pública no Rio de Janeiro”, finalizou a nota.