Enchentes no Acre atingem mais de 120 mil pessoas e estado decreta situação de emergência

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Fonte: Agência Brasil

Em situação de emergência desde a última terça-feira (16), o Acre ainda tem milhares de pessoas desalojadas e desabrigadas devido as enchentes que atingem dez municípios, incluindo a capital Rio Branco. O nível de água em alguns rios começou a retroceder de volta para dentro das margens, mas a situação ainda é crítica.

Além das inundações, o estado sofre com um surto de dengue, alta de casos de covid-19 e com conflitos com os imigrantes haitianos e de outras nacionalidades na fronteira com o Peru. Na última quinta-feira (18), o município de Assis Brasil decretou estado de calamidade pública devido à dificuldade de abrigar a grande quantidade de imigrantes na cidade após o fechamento da fronteira peruana, por conta da pandemia. Houve conflito entre imigrantes que tentaram forçar a entrada no país vizinho e as Forças Armadas do Peru.

As previsões meteorológicas de chuva intensa para os próximos dias, preocupam ainda mais as autoridades, em meio a um período de cheias, conhecido como “inverno amazônico”, o que poderia causar até mesmo o isolamento estadual por vias terrestres, especialmente na BR-364, que responsável pela ligação com Rondônia e o restante do País. Localmente, a situação já é considerada uma das mais graves da história do Acre.

O médico Rodrigo Damasceno atende pacientes embaixo d’água em Tarauacá, no Acre
Foto: Reprodução / CNN

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), comparou a situação do estado a uma “3ª Guerra Mundial” por enfrentar simultaneamente tantos problemas.

A questão das cheias — uma das piores nos últimos anos —, dengue, covid-19, e imigrantes na fronteira do Brasil… Temos ainda o Peru e a Bolívia, a questão dos haitianos [cerca de 200 famílias querem passar, mas os países não abrem fronteiras]. E isso me causa uma preocupação. É uma situação delicadíssima porque eu preciso proteger a população. E, com tudo o que está acontecendo, eu vou te dizer que vivemos uma terceira guerra mundial“, afirmou Cameli à CNN Brasil.

Cheias

Em Rio Branco, o último balanço do governo estadual a partir das informações da defesa civil do município contabilizava 2,7 mil famílias atingidas, sendo 75 desabrigadas e 129 desalojadas. O nível do Rio Acre recuou 20 centímetros nas últimas 24 horas. A previsão é que amanhã ele retroceda um pouco mais, mas ainda assim fique em 15,19 metros, fora dos 14 metros, mínimo necessário para que as águas voltem para dentro das margens.

Em outro município do Acre, Sena Madureira, o número de famílias desabrigadas passa de 1,4 mil e outras 2,5 mil estão desalojadas. O Rio Iaco marcou ontem (20) mais de 18 metros de nível, sendo que o limite máximo para que o rio fique dentro das margens é de 15,2 metros.

Em Cruzeiro do Sul, são 208 famílias desabrigadas e 3,9 mil desalojadas. O Rio Juruá registrou, segundo o governo estadual, a maior cheia desde 2017, atingindo os 14,31 metros.

Em Tarauacá a enchente atingiu 90% da cidade, afetando 7 mil famílias, deixando 77 desabrigadas e 38 desalojadas. O Rio Tarauacá, no entanto, baixou e voltou para dentro da cota de transbordo nas últimas horas.

Governo federal

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o governador do Acre,  Gladson Cameli, pediu paciência à população e disse que o governo estadual está trabalhando junto com o governo federal para atender aos atingidos pelas cheias. “Eu peço que a população tenha paciência. Eu sei que não aguentam mais esperar, estamos com várias situações críticas. O que a gente precisa nesse momento é união”, enfatizou.

O presidente Jair Bolsonaro disse que pretende visitar o estado na próxima quarta-feira (24) em uma mensagem gravada ao lado do senador Marcio Bittar (MDB-AC) e divulgada nas redes pelo parlamentar. “Sabemos dos problemas, estamos agindo e na próxima quarta-feira, se Deus quiser, estaremos lá”, disse o presidente no vídeo.

Coronavírus

Somente ontem (20) foram registrados 181 novos casos de covid-19 no Acre, totalizando 54,7 mil infecções desde o início da pandemia. De acordo com o governo estadual, 278 pessoas estão internadas devido a doença e 957 morreram.

Dengue

A estimativa do governo estadual é de que a dengue seja responsável por 80% dos atendimentos nas unidades de pronto atendimento de Rio Branco, chegando a 8,6 mil casos suspeitos.

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