Dados divulgados pelo Banco Central (BC) em fevereiro deste ano mostram que a dívida do setor público do Brasil equivale a 74,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, cerca de R$8,07 trilhões. A dívida pública tem relação direta com os juros, inflação, mas a dívida em si não é um impedimento para investir em gastos sociais e além disso, países que emitem a própria moeda, não tem chance de ficar sem ela.
É o que explica o economista Gabriel Xavier. Em entrevista ao Notícia Preta, o especialista, que é formado na União Pioneira de Integração Social (UPIS) e que debate macroeconomia, explica sobre emissão de moeda, a dívida pública de maneira popular, e trabalha com projeção de juros e inflação.
Gabriel pontua que emitir moeda em si, não gera inflação. “Pode gerar, mas não necessariamente como um liberal pensa, como se fosse uma relação de 1 pra 1, que seria como se a emissão de moeda crescesse 10% então a inflação aumentaria 10%. Vai causar [inflação] quando a economia já está operando em plena capacidade e o governo impõe mais estímulos a essa capacidade via emissão de moeda“, explica.
Como a dívida pública tem relação com os juros, o especialista argumenta que não é necessariamente um problema a dívida ser alta em relação ao PIB. “Não representa nada o patamar da dívida em si, seja 80% ou 200% do PIB. O que importa é a capacidade do governo federal em pagar essa dívida, se ele consegue rolar a dívida por emissão de títulos, os juros dessa dívida, etc“, argumenta.
O que confirma a visão do economista é que países como o Japão, país mais endividado do mundo, em 2023 fechou o ano com a divida equivalendo a 266% do seu PIB continua com crédito internacional. A China tem uma dívida que equivale 86% do PIB. A relação dívida PIB dos Estados Unidos está em 120%. Os dados foram tirados de: World Trend Plus’ Global Economic Monitor, Fundo Monetário Internacional e Federal Reserve Bank of St. Louis, respectivamente.
“O Brasil, por exemplo, nunca ficará sem Reais para pagar a dívida, sempre pode emitir mais Reais. O Brasil não emite Dólar, precisa primeiro vender mercadorias no comércio exterior para comprar esses dólares para abater a dívida“, disse.
Gabriel diz ainda que é possível que o governo utilize a dívida pública para resolver problemas como a fome, a falta de infraestrutura em educação e saúde com a emissão de moeda.
“É possível sim, o que o governo pode fazer é usar expansão dos gastos fiscais para isso, mobilizar recursos ociosos, como na construção civil, para esses projetos“, indica.
O economista falou também sobre a possibilidade do Estado reduzir os impostos para se financiar, segundo ele, o Estado, “tem a possibilidade de financiamento por emissão de dívida, que é o principal financiador dos gastos de qualquer governo soberano atualmente“, que é o caso de Japão, EUA e China.
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