Emicida homenageia Ágatha Félix e Rennan da Penha em show histórico no Rock in Rio

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O rapper Emicida durante o show do Rock in Rio deste ano Foto: Roberto Filho/Brazil News


                                                 Créditos: Roberto Filho/Brazil News

O rapper Emicida fez história na noite da última quinta-feira (3), quando entrou no palco principal (Sunset) do Rock in Rio, juntamente com o duo franco-cubano Ibeyi, representado pelas irmãs Lisa Díaz e Naomi Díaz.

No entanto, antes mesmo do trio apresentar o single que desenvolveram juntos- “Hacia El Amor” e “Libre”- o rapper paulista foi enfático no discurso engajado durante o show. 

Desde o primeiro sucesso com a mixtape “Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe”, Emicida marca a sua trajetória musical através do enfrentamento rígido ao sistema racista e as demais desigualdades sociais.

O que chamou a atenção do público, no entanto, foi a ‘temática’ do show. Durante a apresentação, o artista criado na Zona Norte de São Paulo lembrou a morte brutal da menina Ágatha Félix, 8 anos, morta pela Polícia do Rio de Janeiro em setembro passado, no Complexo do Alemão.

                                                 Créditos: Roberto Filho/Brazil News

A foto da menina estampada no telão com as frases “Somos Todos Ágatha” e “Somos Imortais” atentaram para os altos índices de violência sofrida pela população negra no Brasil. “A cada 5 mil assassinatos, 66% são mulheres negras”, disse Emicida. “O Brasil tem uma morte LGBTQ+ a cada 23 horas” e “A cada 65 mil homicídios, 75% são jovens negros”, completou o rapper ao mesmo tempo em que era acompanhado pela cantora trans Majur, parceira de composição na música “AmarElo”, recentemente lançada também com a participação de Pabllo Vittar.

Liberdade para o DJ Renna da Penha

A apresentação ainda guardava mais uma lembrança importante. A prisão injusta do DJ e produtor cultural Renann da Penha, acusado e preso pela polícia por associação ao tráfico. Em entrevista à Folha de São Paulo, Emicida ressaltou o cárcere político do artista carioca. “É um ataque direto à cultura de periferia, por isso não podemos abandonar esse maluco na situação que está”, enfatizou. 

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De acordo com o rapper, Rennan é mais uma vítima da criminalização histórica que o funk é alvo, desde a sua criação. “Não existe uma manifestação da música preta que não tenha sido alvo da perseguição do Estado, usando a polícia como braço para fazer isso”, completou.

Além das músicas gravadas em parceria com Ibeyi, o repertório da apresentação foi repleto de grandes sucessos de Emicida, como “Hoje Cedo”, “Levanta e Anda”, “A Chapa é Quente” e “Passarinhos”, entre outros.

Créditos: Divulgação/Rock in Rio

A noite de quinta-feira foi a terceira participação do artista na história do Rock in Rio, porém, a primeira como atração principal. Em 2011, estreou ao lado de Martinho da Vila e Cidade Negra. Já em 2017, foi ao palco como convidado do cantor californiano R&B Miguel.

Emicida parece ter alcançado o auge da maturidade musical, como bem destacou em um dos seus últimos lançamentos, “Eminência Parda” (Dona Onete, Jé Santiago e Papillon): “Minha caneta tá fudendo com a história branca/ E o mundo grita: Não para, não para, não para”.

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