Dados Pnad Covid Mensal, divulgados nesta quinta-feira (23) pelo IBGE, com os números consolidados do mês de junho, revelam que o isolamento social provocado pela pandemia deixou 7,1 milhões de trabalhadores sem remuneração. Quando comparado ao mês anterior, este número é menor. Em maio, 9,7 milhões estavam sem renda.
Em 29,4 milhões dos lares brasileiros (43% do total) pelo menos um membro familiar é beneficiário de programas de auxílio do governo federal, incluindo auxílio emergencial e benefício emergencial (BEm). Metade da população (49,5%) vive nesses domicílios.
A maior flexibilização das medidas de distanciamento social e aumento das demissões fez com que a taxa de desocupação subisse em um mês, passando de 10,7% para 12,4%. São 11,8 milhões de pessoas desempregadas – mais de 1,7 milhão do que o registrado em maio.
Recessão gerada pela pandemia impacta mais mulheres e negros
As consequências econômicas do isolamento social atingem, principalmente, grupos que ocupam, historicamente, posições menos favoráveis no mercado de trabalho, como as mulheres e a população negra.
Dados divulgados no mês de junho pelo IBGE mostram que os pretos e pardos somam 20% dos 19 milhões de brasileiros que foram afastados do trabalho em maio e os brancos 16,1%. Entre eles, 9,7 milhões ficaram sem remuneração.
Apenas 9% dos pardos e pretos puderam trabalhar em home office, enquanto 17,6% dos brasileiros de cor branca puderam aderir a essa iniciativa. A Covid-19 fez ainda com que 28,9% da população preta ou parda deixassem de procurar trabalho, os brancos somaram 18,7% nesse quesito.
A pesquisa também apontou que o afastamento se deu em maior intensidade entre os informais e em setores de serviços, incluindo os serviços domésticos sem carteira assinada, categoria em que 33,6% das trabalhadoras não puderam ir ao trabalho em maio.
Além de serem os mais afetados no mercado de trabalho, os negros também são os que mais morrem vítimas da pandemia do coronavírus. Uma análise da Agência Pública mostrou que há uma morte para cada três brasileiros negros hospitalizados por Covid-19, enquanto entre brancos a proporção é de uma morte a cada 4,4 internações. Em São Paulo, cidade com o maior número de casos, bairros com maior concentraçãoqde negros têm mais óbitos pela doença. Dos dez com o maior número absoluto de mortes por coronavírus, oito têm mais negros que a média municipal.