Parece que uma vida inteira lutando pelos direitos dos negros nos EUA não foi suficiente para John Lewis. O ativista e congressista americano, que morreu aos 80 anos, no último dia 17 de julho, deixou uma carta, uma última mensagem de união e esperança, lida nesta quinta-feira (30) em seu funeral, em Atlanta. Os ex-presidentes Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush participaram da cerimônia.
Intitulada “Juntos, vocês podem resgatar a alma da nossa nação”, a mensagem foi escrita pelo ativista, que marchou ao lado de Martin Luther King Jr, em 1965, na histórica travessia de Selma a Montgomery, capital do Alabama. Lewis escreveu a mensagem antes de morrer e pediu que o texto fosse publicado no jornal americano The New York Times. “Apesar de já não estar, peço-vos que respondam ao apelo mais alto do vosso coração e que defendam aquilo em que realmente acreditam”, escreveu Lewis logo no início do texto. Sua mensagem é dirigida especialmente ao povo norte-americano.
“Encheram-me de esperança quanto ao próximo capítulo da história da América quando usaram o vosso poder para fazer a diferença na nossa sociedade. Milhões de pessoas simplesmente motivados pela compaixão humana conseguiram por de parte o que nos separa. Pelo país e pelo mundo puseram de lado raça, classe, idade, língua e nacionalidade para exigir respeito pela dignidade humana”, continua, referindo-se ao movimento Black Lives Matter.
O ativista também falou sobre a importância das novas gerações, na luta contra o racismo. “Quando veem que algo não está bem, têm de dizer alguma coisa. Têm de fazer alguma coisa. A Democracia não é estanque. É um ato, e cada geração tem de fazer a sua parte”.