Os ugandeses vão às urnas nesta quinta-feira (14) para eleger o Presidente e novos integrantes do Parlamento em uma das eleições mais violentas da África Oriental. Dez candidatos estão na corrida para ocupar o cargo que é do atual presidente Yoweri Museveni, desde 1986.
A campanha eleitoral foi marcada pela violência, com dezenas de manifestantes da oposição mortos durante repressões a comícios. Ativistas dos direitos humanos locais estão preocupados com o destacamento do Exército para as ruas, antes das eleições.
Na última terça-feira (12), Yoweri Museveni ordenou que todos os provedores de internet fossem desligados 48 horas antes das eleições gerais e bloqueassem o acesso às redes sociais e aos aplicativos de mensagem instantânea mais populares, como Facebook, Whatsapp e Twitter.
Um dos motivos para o bloqueio das redes é o fato do principal oponente ao atual presidente ser o ex-cantor de reggae e deputado Bobi Wine, popular entre os mais jovens. Em Uganda, 80% da população tem menos de 30 anos e menos de 40% agora são usuários ativos da internet, as redes sociais tinham um peso considerável para a expandir a popularidade do principal do músico Bobi Wine.
Na segunda-feira (11), o Facebook apagou várias contas vinculadas à administração do Presidente Museveni. O gigante das redes sociais alegou que alguns dos perfis eram falsos e manipularam a opinião pública para favorecer o Governo enquanto atacavam a oposição.
O Executivo rejeitou as acusações e culpou o Facebook de se “intrometer na eleição do país”. Desde então, exigiu que as contas excluídas sejam restabelecidas. “O Uganda é nosso. Não é de ninguém. Não há como alguém entrar e brincar com o nosso país para decidir quem é bom ou mau”, disse o Presidente Museveni em resposta à proibição.
Aos 38 anos Wine tem músicas populares e discursos transgressores. Ele promete uma “Uganda nova e livre onde qualquer um pode estar em desacordo com quem estiver no poder“. Wine critica o regime de Museveni, que acusa de ser um “ditador” que já alterou a Constituição duas vezes para se perpetuar no poder – a última em 2017, quando suprimiu o limite de 75 anos para o cargo de Presidente, para poder candidatar-se novamente este ano.
Sob seu governo do atual presidente, Uganda conseguiu estabilizar-se após anos de conflitos e teve sucesso em implementar o tratamento contra a Aids, que no país chegou a ter uma das maiores taxas de infecções mundiais. O presidente, porém, envolveu-se em casos de corrupção e a partir de 2014, com uma lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo, iniciou uma forte repressão contra a população LGBT+.