Coletivo de empreendedores negros vai destinar até R$ 2 mil para auxiliar outros empresários
Desde o início da pandemia do Covid 19, auxílios para empreendedores têm aparecido de forma maciça e para fortalecer toda essa gama de ajudas e, para evitar que empresários da periferia quebrem, o Éditodos criou o programa Fundo Emergências Econômicas. O projeto tem como objetivo levar para empreendedores formais, negros e negras, recursos para conseguir sobreviver à crise que afeta todos, mesmo que provisoriamente.
O Éditodos foi lançado em 2017 e é formado pela coalizão de seis organizações Feira Preta, Agência Solano, Fa.vela, AfroBusiness, Vale do Dendê e Instituto Latinidades. “O fundo é o primeiro produto do ÉDITODOS que estamos colocando na rua, ele vem com total alinhamento ao momento da pandemia do COVID-19, pois foi o primeiro fundo a ser proposto com protagonismo negro.”, diz João Souza, um dos fundadores da FA.VELA.
João Souza é um dos fundadores da FA.VELA, uma Hub de educação inclusiva, localizada em Belo Horizonte, no Morro do Papagaio, com o foco no desenvolvimento social e econômico de grupos e territórios vulnerabilizados.
A meta do projeto é selecionar 500 empreendedores, já mapeados na base de cada uma das seis organizações, e com perfil socioeconômico elegível a um levantamento que foi realizado para o lançamento da primeira chamada. Em menos de um mês, a organização conseguiu captar 80% da sua meta, que é de R$ 1 milhão. A intenção da organização é distribuir esse aporte até o meio do mês de maio.
Os selecionados vão receber o apoio financeiro de até R$2.000,00 que será feito 10 dias após a aprovação na seleção. “Esse valor pode ser usado pelo empresário da forma que achar melhor”, comenta João.
As organizadoras do Éditodos tem a intenção ampliar essa ajuda às pessoas que não pertencem a nenhuma das seis instituições, mas que se encaixam na perspectiva de atendimento do programa. “Estamos planejando fazer ofertas de conteúdos e formações abertas para todos, já fazemos isso aqui no FA.VELA mesmo antes do COVID-19, então, agora iremos reforçar. As outras organizações do Éditodos também estão se preparando para iniciar ofertas similares, visto que este é um pilar do fundo emergencial (dinheiro e acompanhamento). E com o avanço das atividades de captação do fundo existe sim um desejo e ampliar a oferta do apoio financeiro”, diz João Souza.
Informalidade
Um levantamento feito pelo Fundo Emergências Econômicas mostra que o Brasil tem 14 milhões de empreendedores negros , sendo que 29% trabalham por conta própria. Outro dado importante apontado pela pesquisa é que 82% dos empreendedores negros não possuem CNPJ.
João Souza lembra que tudo isso que o Brasil tem passado a população mais vulnerável vive desde de sempre. “As dores sobre vulnerabilidades, fome e pobreza que o COVID-19 traz não são um momento, elas existem e estavam invisibilizadas. A população hoje que está no cenário mais vulnerável, já estava. Ela apenas conseguia driblar tudo isso assumindo os ônus de existir e sobreviver sendo total responsável por garantir acessos que deveriam ser direitos”, afirmou.
O fundador da FA.VELA faz alguns questionamentos. “Onde estava toda essa comida que agora surge na forma de cestas básicas? Onde estavam todos estes atendimentos médicos voluntários, quando as filas do SUS faziam voltas no quarteirão? E, por fim, porque os impactos sociais, econômicos e de saúde de pandemias como COVID-19 sempre tem cor?”, questionou.
Para obter ajuda financeira, o empreendedor precisa integrar uma das seis organizações que compõe o Éditodos: Agência Solano Trindade – São Paulo; Afrobusiness – São Paulo; Feira Preta – São Paulo; FA.VELA – Belo Horizonte; Instituto Afrolatinas- Distrito Federal e Vale do Dendê – Salvador
As empresas que quiserem ajudar o Fundo Emergências Econômicas pode entrar em contato pelo e-mail contato@editodos.com.br