Três jovens negros identificados como Alexandre dos Santos, de 20 anos, Cleberson Guimarães e Patrick Sapucaia, de idades não reveladas, foram mortos durante ação policial na Gamboa, comunidade às margens da baía de Todos os Santos, em Salvador, na madrugada de terça-feira, 1. Segundo testemunhas, o trio estava bebendo num estabelecimento na região quando bombas de gás lacrimogêneo teriam sido lançadas na direção dos três. Eles chegaram a ser socorridos pelos próprios militares para o HGE (Hospital Geral do Estado), mas já chegaram à unidade sem vida. As informações são do UOL.
Alexandre era o segundo dos oito filhos da auxiliar de vendas Silvana dos Santos, de 41 anos. Ela contou que acordou com o barulho de tiros e decidiu sair de casa para ver o que acontecia. Ela disse também que tentou impedir que o filho fosse colocado no porta-malas de uma viatura, quando nesse momento, ficou sob a mira de uma arma apontada por um PM.
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“Meu filho ainda estava vivo, pedia por socorro. Mas apontaram a arma para a minha cabeça, e não tive mais o que fazer (…) Esses policiais pegaram o meu filho e os outros dois rapazes pra matar. Se não fosse isso, eles não estariam encapuzados”, disse.
Silvana afirma que o filho trabalhava como vendedor de roupas por encomenda na própria comunidade. De acordo com ela, pouco antes de ser morto, o rapaz voltava da casa da namorada e, no caminho, parou para tomar cerveja com Cleberson e Patrick. Em nota, a PM de Salvador informou que os agentes foram recebidos por disparos de armas de fogo efetuados por um grupo quando faziam incursões na região.
Familiares e vizinhos das vítimas contestam a versão dos PMs de que foram recebidos a tiros pelo trio. A Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador e demais assinaram uma nota conjunta onde criticam a ação das forças de segurança do Estado. Um dos trechos do comunicado diz que “a violência policial permanece como prática corriqueira e naturalizada contra moradores da Gamboa de Baixo. Os depoimentos de testemunhas apontam que as mortes dos jovens não foram decorrentes de resistência e que não houve qualquer reação ou troca de tiros. A polícia não agiu em legítima defesa! Afirmamos que toda pessoa tem direito à vida, ao devido processo legal e a um julgamento imparcial, sendo inadmissíveis execuções arbitrárias como aconteceu.”