O Brasil bate um novo recorde. 30,2 milhões de trabalhadores – pouco mais do que toda a população da Venezuela – sobrevivem com até um salário mínimo. Destes, quase 20 milhões são negros.
Nunca tantos brasileiros estiveram nessa situação. Essas pessoas sobrevivem com uma renda mensal de até R$ 1,1 mil, obtida a partir do trabalho.
Os números fazem parte de um estudo elaborado pela consultoria IDados, com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do segundo trimestre.
Atualmente, 43,1% dos negros ocupados recebem até R$ 1,1 mil. No quarto trimestre de 2015, no melhor momento da série histórica, 34,4% ganhavam até o salário mínimo.
“As políticas de ação afirmativa tiveram resultados importantes. Há muitas políticas de acesso à universidade, mas nós tivemos menos políticas no mercado de trabalho. Apesar de o país ter tido ganho de escolaridade da população negra, os avanços não foram expressivos no mercado de trabalho.”.
afirma Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e autor do levantamento
“Muita gente entra no mercado como conta própria ou informalmente, e essas pessoas tendem a ter um rendimento mais baixo do que aquelas que trabalham com carteira”, acrescenta.
Mesmo os brasileiros que conseguem algum tipo de trabalho, seja na informalidade ou como conta própria, ainda assim são mal remunerados, segundo o levantamento. Esse cenário é ainda mais preocupante dentro de uma realidade econômica nacional onde o orçamento das famílias tem sido diretamente afetado pela alta no preço dos alimentos, energia elétrica e combustível: no acumulado de 12 meses, a inflação já está próxima de 10%.