Doenças mais comuns na população negra

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Por Dr. Saulo Gonçalves – Nutricionista Clinico

Algumas das enfermidades mais frequentes na população negra são a anemia falciforme, o diabetes mellitus tipo II, a hipertensão arterial e a deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase, segundo a 3a edição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN).

O que não podemos negar que o ponto em comum de todas essas doenças, além do fator genético, é a questão do estilo de vida que a pessoal leva, sobretudo com a alimentação em que tem acesso.
A população negra compõe mais da metade dos brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 56% da população do país se autodeclara negra.

Além do racismo encarado diariamente e apesar de algumas conquistas institucionais, pessoas negras devem ficar alertas para o risco de desenvolverem alguns problemas de saúde, principalmente por conta de questões genéticas que aumentam a vulnerabilidade a determinadas enfermidades.

Pressão alta

De acordo com a hipótese mais aceita, a maior predisposição da população negra para a hipertensão tem origem no nosso período colonial. Naquele tempo, pessoas negras eram trazidas à força do continente africano para serem escravizadas. Em longas viagens de navio, com infraestrutura precária, água e alimentação restritas e expostos a doenças que provocam diarreia, muitos morriam de desidratação.

Sobreviviam aqueles que tinham maior capacidade de reter sal e, consequentemente, água. O problema é que exatamente a característica que lhes salvou a vida à época, agora aumenta o risco de pressão alta.

Anemia falciforme

O índice de incidência de anemia falciforme varia de 2% a 6% na população brasileira em geral. Na população negra, fica entre 6% e 10%. A doença se caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a elasticidade e a forma arredondada, endurecem e adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme). A diferença dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e, consequentemente, afeta a oxigenação dos tecidos.

É uma doença genética e hereditária, que não tem prevenção. A única forma de cura é por transplante de medula óssea, método restrito devido à dificuldade de se encontrar doadores compatíveis. Mas, felizmente, a anemia falciforme pode ser identificada logo ao nascer, por meio do teste do pezinho, o que facilita o acompanhamento médico desde cedo.

Diabetes

O diabetes atinge com mais frequência os homens negros (9% a mais que os homens brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais que as mulheres brancas). Felizmente, diabetes tem prevenção, que inclui consumo moderado de açúcar e carboidratos simples (como arroz branco, farinha de trigo e batata inglesa), prática de atividade física, controle dos níveis de glicose no sangue e manutenção do peso ideal.

Glaucoma

O glaucoma é considerado a principal causa de cegueira irreversível no mundo. É mais prevalente na população negra em função do aumento da pigmentação nos olhos. A doença não apresenta sintomas na sua fase inicial, por isso é considerada silenciosa e traiçoeira. Muitas pessoas só desconfiam de que há algo errado quando percebem a perda da visão periférica, sintoma que se manifesta quando a doença já
está em estado avançado.

Suicídio

O suicídio não é uma doença em si, mas uma consequência de alterações psicológicas. Em 2016, os negros representaram 55% dos adolescentes e jovens que cometeram suicídio no Brasil, sendo os homens negros o grupo de maior risco.

A discriminação racial, o desamparo, a desigualdade social e a dificuldade de acesso a serviços de saúde são alguns dos possíveis fatores que tornam o suicídio mais frequente nessa população.

Referencias:

  • RAÚJO, João Targino de. Literatura brasileña sobre anemia falciforme. Sangre, Zaragosa, v.6, p.87-98. 1961.
  • ARCHIBALD, R.G. A case of sickle cell anemia in the Sudan. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, London, v.19, p.389-393. 1926.
  • Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde (BR). Manual de doenças mais importantes, por
    razões étnicas na população brasileira afrodescendente. No 123. Brasília: Ministério da Saúde, [Internet], 2001 [acesso em 19 mai 2018]. Disponível em: http://bvms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/cd06_09_.pdf.

Leia também: O Nutricídio e a População Preta

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