Deputados de direita que foram afastados consumiram cerca de R$3,3 milhões aos cofres públicos

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Os gabinetes de três deputados, Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP), consumiram cerca de R$ 3,3 milhões públicos em menos de dois anos enquanto estavam presos, fora do país ou sem exercer plenamente o mandato, segundo levantamento feito pelo Estadão.

Os levantamentos indicam que o gabinete de Brazão, cassado após um ano de prisão, consumiu cerca de R$ 1,9 milhão em menos de dois anos. Eduardo Bolsonaro, licenciado para morar no exterior, registrou gastos aproximados de R$ 900 mil, enquanto Carla Zambelli, atualmente detida na Itália, teve despesas que somam R$ 300 mil. A soma das despesas revela uma brecha nas normas da Câmara, que permitem a manutenção de estruturas mesmo em casos de afastamento.

Entre os detalhes da estrutura de cada gabinete, Zambelli manteve cerca de 12 assessores, com custo mensal de aproximadamente R$ 103 mil. Eduardo Bolsonaro contou com nove servidores, somando R$ 132 mil por mês. Já Brazão chegou a manter 24 funcionários, com média mensal de R$ 120 mil em salários e encargos.

Esses valores se somam a um cenário mais amplo: cada deputado federal tem direito a R$ 133 mil mensais para pagar até 25 assessores, além de dispor de uma cota parlamentar que cobre despesas com passagens, aluguel e divulgação do mandato. Em 2024, a Câmara gastou cerca de R$ 672 milhões apenas com a verba de gabinete e R$ 235 milhões com a cota parlamentar.

Cofre/ Freepik

O caso reacendeu críticas dentro e fora do Congresso. Parlamentares da base governista classificaram a situação como “um escárnio” e apresentaram um projeto de lei para impedir que deputados afastados mantenham gabinetes ativos. A proposta prevê o bloqueio imediato de recursos em situações de prisão, cassação ou licenças prolongadas sem justificativa pública.

Segundo dados do sistema interno da Câmara, atualmente há 30 deputados afastados de suas funções, entre cassados, presos e licenciados. O número reforça a urgência de discutir critérios mais rigorosos para o uso de verbas públicas, especialmente em um momento em que a população enfrenta cortes orçamentários e exige mais transparência dos poderes.

A manutenção de estruturas parlamentares custeadas com dinheiro público, mesmo quando o deputado não exerce o mandato, expõe uma brecha institucional e reforça o distanciamento entre a classe política e a realidade do país. O episódio aprofunda o debate sobre o equilíbrio entre os direitos dos parlamentares e o dever de responsabilidade fiscal diante da sociedade brasileira.

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Jaice Balduino

Jaice Balduino

Jaice Balduino é jornalista e especialista em Comunicação Digital, com experiência em redação SEO, assessoria de imprensa e estratégias de conteúdo para setores como tecnologia, educação, beleza, impacto social e diversidade. Mineira e uma das mentoradas selecionada por Rachel Maia em 2021. Acredita no poder da colaboração e da inovação para transformar narrativas e impulsionar negócios com excelência

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