A deputada da oposição trabalhista, Abena Oppong-Asare, iniciou um movimento contra as práticas racistas dentro do Parlamento britânico, ao revelar, no último fim de semana, através de seu Twitter, as situações preconceituosas que vive desde sua eleição.
“No outro dia, eu estava conversando com (outra parlamentar) na frente da Câmara dos Comuns quando um deputado conservador veio direto para mim, me deu sua bolsa e me pediu que a guardasse”, escreveu Abena Oppong-Asare.
Em um segundo tuite, a deputada contou como, em sua primeira semana, alguém a confundiu com outra deputada negra. Quando ela apontou o erro, o homem “levantou uma sobrancelha e disse ‘nossa, há muitas de vocês’”. Em resposta, outras parlamentares explicaram que viveram experiências semelhantes, como as trabalhistas Florence Eshalomi e Rupa Huq, esta última inglesa de origem bengali.
Atualmente, 1 em cada 10 parlamentares provém de uma minoria étnica no Reino Unido, segundo dados do Centro de reflexão British Future. Há 10 anos este número era de 1 em 40 deputados. Nas últimas eleições gerais, 41 candidatos trabalhistas, 22 conservadores e dois democratas liberais não brancos entraram no Parlamento, 37 deles mulheres.
No Brasil não é muito diferente…
Em fevereiro de 2019, quando assumiu ao cargo de Deputada Estadual no Rio de Janeiro, a parlamentar Mônica Francisco (Psol) foi “convidada” por um segurança a se dirigir ao elevador de serviço para a posse do presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Claudio de Mello. Na ocasião, ela usava um broche que a identificava como parlamentar. Assessores agiram para desfazer o mal-entendido. “Sei que se eu vestisse um terno, já teria um tratamento diferenciado”, contou a deputada ao portal UOL.
Após o constrangimento no Tribunal de Justiça, Mônica propôs um treinamento sobre respeito à diversidade racial a servidores — o que ela nomeia como instrução contra o racismo institucional.
No ano passado, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) também usou sua conta no Twitter na quarta-feira, 20, para expor um problema que enfrentou desde o dia de sua posse: ser barrada na entrada da câmara e nos ambientes próprios a parlamentares. Ela relatou que, mesmo usando o broche que identifica os parlamentares, é diariamente é abordada por seguranças, que pedem também seu crachá.
“A segurança já pediu desculpas, dizendo que identificar deputados novos é difícil. Chegaram a falar sobre as minhas roupas coloridas, que atrapalhavam na visualização do broche. Mas a gente sabe que existe uma situação de preconceito de raça e gênero” afirmou Talíria ao O Globo, na ocasião.