Estreia na próxima quinta-feira (9) o documentário Danças Negras, que reflete sobre importantes aspectos das artes negras no processo de emancipação e descolonização sócio-cultural no Brasil.
Segundo os autores, registrar em formato de documentário as matrizes negras da diáspora africana na dança contemporânea brasileira é “resistir ao soterramento e ao embranquecimento das nossas identidades e tradições, estratégia criada pelos colonizadores desde o período escravocrata”, comentam os diretores do documentário. Eles lembram também que os negros e negras, “antes de passarem pela ‘porta do não retorno’, eram submetidas ao ‘ritual de esquecimento em volta do Baobá’ no Benin, com o propósito de apagar nossas histórias, culturas, origens e nossa ancestralidade”, afirmam.
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Dirigido por João Nascimento e Firmino Pitanga, a obra costura uma trama pavimentada no olhar artístico contemplativo com forte viés político, antropológico e cultural e conta com depoimentos de celebridades negras. Em seu depoimento ao documentário, o antropólogo Kabengele Munanga diz que o racismo é uma ideologia que consiste em inferiorizar os outros, negar a humanidade dos descendentes de africanos, a sua capacidade de produzir obras de arte e culturas que marcaram a história da ciência e da tecnologia. “Todo esse processo de hierarquização faz parte do fenômeno chamado racismo, que permeia todas as áreas. As artes africanas foram consideradas inferiores, primitivas, infantilizadas mesmo, e foi preciso um tempo para se dar conta que a arte negra tem expressões e raízes profundas que vêm da cultura de um povo, porque arte não cai do céu”, afirma.
Danças Negras, segundo os diretores, “propõe um debate sobre a presença da cultura negra na contemporaneidade, bem como, os diversos paradoxos encontrados no ambiente de uma sociedade marcada por uma tradição racista e escravocrata”, finaliza.
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