Em 10 anos, cresce em 81% as internações de adolescentes no SUS por fimose

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Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a partir de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revela que o número de internações por fimose, parafimose e prepúcio reduntante aumentaram 81,58% em dez anos entre os adolescentes de 10 a 19 anos.

Ao todo, em 2024 o Brasil registrou 19,3 mil casos, enquanto o ano de 2015, primeiro ano da série histórica, foram apenas 10,6 mil internações. Entre os anos de 2015 e 2024, o SUS totalizou 130,7 mil internações relacionadas a essas condições. Ainda segundo o levantamento, a faixa etária que mais registrou internações foi entre 10 e 14 anos, com alta de 87,7%. Já entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o crescimento foi de 70%.

Em 10 anos, o Brasil registrou 6,4 mil casos de amputação peniana – Foto: Freepik

Um estudo realizado pelo Portal da Urologia afirma que existe uma estimativa de que 97% dos meninos nascem com fimose. Esse numero cai para 10% aos 3 anos e chega a 1% a 3% nos adolescentes brasileiro. Fimose é a condição em que o prepúcio, a pele que recobre a cabeça do pênis, não pode ser totalmente retraída para expor a glande.

Outros problemas relacionados ao prepúcio incluem a parafimose, urgência médica em que a pele, ao ser puxada para trás, fica presa e estrangula a glande, levando a edema, dor intensa e necrose se não tratada rapidamente.

No cuidado inicial, a recomendação é que o prepúcio seja exposto de forma suave e não forçada durante o banho, para estimular a abertura gradual da pele sem causar machucados. Se, após os 3 anos, a glande não puder ser exposta, é necessário avaliação médica e recomendação do uso de pomadas. Na adolescência, o tratamento costuma ser cirúrgico.

A cirurgia, conhecida como postectomia, é realizada em ambiente hospitalar com anestesia, dura de 30 minutos a uma hora e exige uma recuperação de aproximadamente uma semana.

Consquencias da fimose

A presença da fimose, segundo especialistas, impede a higienização adequada do pênis, causando acúmulo de sujeira, aumentando o risco de infecções urinárias e, a longo prazo, até câncer de pênis. Essa patologia chega a registrar cerca de 580 amputações de pênis anualmente. Entre 2015 e 2024, foram registradas mais de 22 mil internações pela doença.

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Durante esse período estudado, a Sociedade Brasileira de Urologia registrou mais de 6,4 mil casos de amputações penianas no Brasil, devido ao câncer de pênis. O índice que chama a atenção para a necessidade de prevenção, diagnóstico precoce e cuidados com a saúde íntima masculina.

A diferença no acompanhamento médico entre meninos e meninas pode estar diretamente relacionada ao diagnóstico tardio da fimose e ao aumento de internações em adolescentes, uma vez que os meninos tendem a procurar menos os serviços de saúde durante essa fase, recebendo menos orientações e acompanhamento especializado.

Dados do Ministério da Saúde de 2022 mostram que meninas de 12 a 19 anos vão ao médico quase 2,5 vezes mais do que os meninos. Quando se compara a ida de meninas ao ginecologista com a de meninos ao urologista, a diferença chega a ser 18 vezes maior.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

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