Consciência Negra: Qual o papel da assistência social para romper com a desigualdade?

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Por Rodrigo Souza – Coordenador do Perfeita Alegria Tanguá do Rio de Janeiro, serviço do Sefras – Ação Social Franciscana

Dados de 2023, do CadÚnico, revelam um retrato alarmante da realidade social no Brasil: das mais de 240 mil pessoas em situação de rua, 69% são negras. A trajetória desses indivíduos, muitas vezes, se entrelaça com a exclusão social, refletindo a falta de acesso a serviços essenciais, como educação, saúde e emprego. Essa situação não é apenas uma questão de escassez de recursos, mas de um sistema desigual que restringe as oportunidades e o potencial de indivíduos e comunidades ao longo do tempo.

Diante deste cenário, o fortalecimento de serviços de assistência social deve ser entendido não apenas como uma ação corretiva, mas como uma estratégia vital para romper com este ciclo vicioso. Existem organizações dispostas a oferecer uma saída para essas pessoas, com soluções que não atendem apenas suas necessidades pontuais e urgentes como alimentação e moradia, mas que dão autonomia e constância. 

A história da desigualdade racial enraizada no Brasil e no mundo não se limita a condições econômicas. Envolve aspectos culturais e sociais que afetam a percepção e o tratamento da população negra. Por isso, além das iniciativas voltadas para  assistência imediata, é crucial que haja um reconhecimento profundo da interseccionalidade que permeia as questões raciais da nossa sociedade. Programas que promovem a cultura e o conhecimento, como oficinas de arte e educação em direitos humanos, podem empoderar essas comunidades, ajudando a desconstruir estigmas e preconceitos que contribuem para a marginalização.

Além disso, é indispensável que as políticas públicas se alinhem com a promoção da equidade racial. Investimentos em educação, saúde e capacitação profissional devem ser direcionados com um olhar atento para as especificidades das comunidades negras, assegurando que tenham acesso igualitário a oportunidades de desenvolvimento. Além disso, a criação de políticas que incentivem a inclusão no mercado de trabalho e que garantam direitos fundamentais, como  moradia digna, podem catalisar uma mudança significativa nas condições de vida dessas populações. 

O fato é que a transformação social não é alcançada de maneira isolada. É essencial que a sociedade civil, os governos e as instituições tenham esforços conjuntos em prol dessa causa. O diálogo aberto e contínuo sobre as injustiças que perpetuam a marginalização é fundamental para a construção de um futuro mais inclusivo. Cada iniciativa para  o fortalecimento das políticas públicas  e a promoção de oportunidades representa uma contribuição significativa para o avanço de uma sociedade mais equitativa.

Dados de 2023, do CadÚnico, revelam um retrato alarmante da realidade social no Brasil: das mais de 240 mil pessoas em situação de rua, 69% são negras – Foto: reprodução.

Foto da capa: Joédson Alves/Agência Brasil

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