Conheça Maimbê Abará

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Por Preto Gourmet

Abará é um dos pratos típicos da culinária baiana que também é produzido com feijão fradinho (descascado e moído). Sem aprofundar em detalhes técnicos, culturais ou religiosos, a principal diferença para pessoas leigas na culinária ancestral é que o acarajé é frito no azeite de dendê e o abará é cozido a vapor. Esses pratos são encontrados nos tabuleiros das baianas, nas casas dos baianos e nos restaurantes (dos mais simples aos mais sofisticados). E, um dos meus achados em Salvador foi o Maimbê Abará – que fica a dois minutos da praia de Porto da Barra.

Nota do Preto Gourmet: quando apresento a diferença entre abará e acarajé não faço esse recorte à luz da tradição religiosa, das questões técnicas da gastronomia ou de qualquer outro recorte específico que possa gerar desconforto nos especialistas. Minha diferenciação se dá para leigos (como eu), que não conhecem a diferença de um para o outro. Voltemos ao texto após essa nota.

Abará do Maimbê Abará sendo preparado /Foto: Divulgação

Lipe Gomes é o empreendedor à frente do Maimbê Abará Recheado e sua ideia foi simples a partir de uma demanda pessoal. Segundo ele: “na minha família a gente sempre comia abará recheado e eu procurava para comprar abará recheado em Salvador e nunca achei.” Entendendo esse nicho de mercado, o publicitário focou sua energia na cozinha e abriu a primeira casa de abará recheado (talvez a primeira do Brasil).

O fast food Maimbê Abará tem como opções o abará tradicional, opções veganas (o abará não é feito com camarão por causa do público vegano e para quem tem alergia ao camarão), com bacalhau, com fumeiro, com camarão, com bobó de camarão e com bobó de banana. Além dos abarás, há também o arroz de coco com bobó (de camarão ou de banana) e o caldo de sururu.

Foto: Divulgação

Eu pelas minhas andanças pela Bahia e Salvador experimentei muito acarajé, abará e caruru em restaurantes e aqueles vendidos por ambulantes (já foram quase 50 vezes que estive na Bahia). O vatapá do Maimbê Abará é diferente: é leve, com textura um pouco aveludada e me remete à textura e sabor do vatapá do chef Fabrício Lemos da rede de restaurantes Origem, em Salvador.

Na sexta comi o vatapá de Lipe e no sábado do chef Fabrício e percebi semelhanças na textura e sabor. Comparações podem ser algumas vezes perversas, mas o que eu quero salientar aqui é que Lipe Gomes começa muito bem em sua proposta de negócio e tem uma preparação (na minha visão) que se assemelha a um dos grandes chefs da culinária brasileira na atualidade.

A proposta de abará recheado me fez achar que o abará envolvia o recheio; sendo que, na experiência, ele vem cercado dos recheios. Como eu sou literal para algumas coisas, pensei que iria abrir o abará e que o recheio estaria dentro. Mas esse é só um detalhe que escrevo aqui para explicar minha experiência como um todo. E, nesses acompanhamentos, um milhão de aplausos para o abará com fumeiro.

Lipe Gomes me contou não acreditar muito na sua ideia de juntar abará com fumeiro – um tipo de carne de porco específica do Recôncavo Baiano que tem sua produção 100% artesanal. Na primeira degustação que fez para amigos mais próximos, foi o primeiro recheio a acabar. Eita pessoal com paladar bom porque, de fato, para mim, foi uma das grandes estrelas do cardápio do jovem cozinheiro baiano.

Maimbê é uma expressão de origem africana, especificamente da língua quimbundo, que é falada em Angola. Um dos seus significados é “vamos” ou “vamos lá”. Por isso, fica aqui minha pergunta: Maimbê Abará Recheado?

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Preto Gourmet

Preto Gourmet

Empreendedor Social, criador do Prêmio Gastronomia Preta, criador do conceito Economia Pretagonista, professor de Administração no curso de Gastronomia na UFRJ, doutor em Administração (Eaesp-FGV), autor de 11 livros, pesquisador (com dezenas de artigos científicos) e homem preto que cria rupturas numa gastronomia eurocentrada. É jurado do Edital Entra na Roda da cantora Iza e curador do Camarote Folia Tropical (2023) em Gastronomia e Inclusão Social.

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