Condenação de Leo Lins gera reações entre figuras públicas: ”humor orientado a depreciar minorias”

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A condenação do humorista Léo Lins a oito anos e três meses de prisão por falas discriminatórias durante o espetáculo “Perturbador”, apresentado em 2022, repercutiu entre personalidades públicas. A sentença, proferida pela juíza Bárbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, considera que o conteúdo apresentado ultrapassou os limites da liberdade de expressão e configurou discurso de ódio.

A jornalista Flávia Oliveira classificou a atuação do humorista como um uso consciente do humor para atacar grupos vulneráveis. “A meu ver, é um tipo de humor orientado a depreciar minorias. Ele não fala de homem branco, por exemplo. Poderia, mas escolhe falar de pessoas gordas, idosos, negros, indígenas e pessoas com deficiência”, afirmou. 

Léo Lins foi condenado a 8 anos de prisão – Foto: Reprodução YouTube

Flávia também destacou que o conteúdo fazia referência a temas ainda mais graves. “Há vídeos com esse tipo de conteúdo. Isso é grave, principalmente para alguém que tem plena consciência da existência de uma legislação que pune esse tipo de comportamento — inclusive no âmbito artístico”. Para ela, “essa consciência de transgredir foi um ato deliberado. A multiplicação do conteúdo ofensivo também agrava o impacto social”.

A apresentação de Lins estava disponível no YouTube e chegou a ultrapassar três milhões de visualizações antes de ser retirada do ar por ordem judicial. O Ministério Público Federal considerou que as piadas promoviam ataques sistemáticos a grupos sociais historicamente marginalizados. Além da pena de reclusão, o comediante foi condenado ao pagamento de multa superior a R$1,4 milhão, além de indenização por danos morais coletivos no valor de R$303,6 mil. A defesa ainda pode recorrer.

A apresentadora e influenciadora Andressah Catty também criticou duramente o conteúdo das piadas e a tentativa de defendê-las sob o argumento de liberdade artística.

Defender que isso seja piada ou liberdade de expressão é inaceitável. Uma pessoa que faz piada com pedofilia, com estupro de vulnerável, com pessoas negras — especialmente em um país estruturalmente racista — não está exercendo arte, está cometendo um crime.”

A atriz Luana Piovani também se manifestou sobre a sentença. Em uma análise crítica, questionou o impacto prático da condenação:

“Dizer que oito anos é exagero para alguém que sabia que estava cometendo um crime é o mesmo que dizer que aquela mulher que pegou um batom não merecia ser presa. É a mesma lógica”, disse em sua rede social.

Piovani também demonstrou descrença na efetivação da pena. “Ele não vai cumprir oito anos. É réu primário, é branco, tem dinheiro, é famoso. Isso vai virar prestação de serviços, cesta básica. A verdade é essa”, completou.

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