Em entrevista ao NP Notícias, conduzida pela jornalista Thaís Bernardes, o jurista e ex-ministro Silvio Almeida fez duras críticas às políticas de austeridade fiscal, afirmando que elas limitam o avanço social e alimentam a extrema direita. O programa foi ao ar na quarta-feira (30).
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“Nós temos que imediatamente acabar com a austeridade porque ela prejudica o povo brasileiro, limita o trabalho, a produção industrial e impede que o país alcance um patamar econômico compatível com as necessidades da população”, declarou. Almeida destacou que, sem orçamento, promessas progressistas se tornam inviáveis.

Questionado sobre o novo arcabouço fiscal, Almeida foi enfático: “A austeridade é incompatível com um projeto que atenda às demandas do povo”. No entanto, ele reconheceu que a mudança exige mobilização política:
“Isso não se resolve com uma canetada. É preciso uma organização popular forte”, afirmou. O jurista criticou parte da esquerda por priorizar debates comportamentais em detrimento de pautas econômicas estruturantes: “Não estou dizendo que essas questões não são importantes, mas elas não podem ser as únicas. Precisamos discutir orçamento, industrialização e o papel do Estado”.
Sobre políticas afirmativas, como as cotas raciais, Almeida — que participou ativamente de sua implementação — defendeu uma abordagem mais ampla. “As cotas foram transformadoras, mas precisamos vinculá-las a um projeto de expansão do ensino público, formação tecnológica e desenvolvimento industrial”, explicou. Ele alertou para o risco de dependência de financiamento internacional: “Não podemos ficar reféns de lobbies. Precisamos de um projeto nacional que enfrente nossas mazelas”.
Pressão interna pela privatização de presídios
Ao abordar a privatização do sistema prisional, tema que enfrentou como ministro, Almeida reafirmou sua posição contrária. “A privatização de presídios é incompatível com a Constituição e um erro sociológico, pois abre espaço para o crime organizado”, disse. Ele revelou pressões dentro do governo: “Havia setores que viam nisso uma ‘solução’, mas minha posição foi clara: o Estado não pode abrir mão desse controle”.
Thaís Bernardes questionou como conciliar as demandas sociais com as restrições orçamentárias. Almeida respondeu com um chamado à organização popular: “Qualquer governo progressista precisa ajudar o povo a se mobilizar, pois a disputa não se dá apenas no campo institucional”. Ele encerrou com um alerta:
“Enquanto a esquerda se perde em debates fragmentados, a austeridade segue minando nossas possibilidades de mudança real”.
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