Colégio Santa Cruz, em São Paulo, suspendeu os alunos após investigar denúncias de bullying em grupo de WhatsApp. Casos envolviam mensagens racistas, misóginas e pressão por trotes humilhantes contra calouros
Na última semana, o Colégio Santa Cruz, localizado na zona oeste de São Paulo, suspendeu 34 alunos após apurar denúncias de bullying envolvendo estudantes do ensino médio. De acordo com as investigações, os ataques ocorriam em um grupo de WhatsApp administrado por alunos do 2º e 3º ano do ensino médio, com mensagens de cunho racista e misógino.
O grupo, que reunia cerca de 200 pessoas — a maioria meninos —, era utilizado para organizar trotes contra calouros do primeiro ano. Segundo relatos, o espaço virtual servia como ambiente para humilhar, assediar e ameaçar os mais novos.
Em uma das mensagens, um aluno escreveu: “Vou mandar um anão preto em cima de um porco pra te estuprar”. Em outras, os estudantes pressionavam os calouros a beber álcool ou enviar vídeos de cueca. Eles também exigiam que os novatos indicassem qual era o “alvo deles”, referindo-se às meninas, e qual posição sexual preferiam. Além disso, um aluno teria sido agredido por colegas por usar um banheiro supostamente reservado aos mais velhos.
Em comunicado enviado aos familiares, o Colégio Santa Cruz expressou “tristeza” e “indignação” ao comentar as agressões. “Expressamos nossa tristeza e profunda indignação em relação às agressões entre alunos do ensino médio do colégio em grupos de WhatsApp, das quais tomamos conhecimento esta semana e que ferem os valores estruturais do Colégio Santa Cruz“, diz trecho da nota.
Dados sobre bullying no Brasil
De acordo com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) cerca de 22% das meninas e 26% dos meninos relataram ter sido vítimas de atos de bullying no ambiente escolar. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) também apurou que o Centro – Oeste concentra o maior percentual (25%) de alunos em idade escolar que alegam ter sofrido bullying Quando perguntados sobre as motivações, os três maiores percentuais foram para aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%)
No Brasil, o bullying é considerado uma violação dos direitos humanos e pode ser enquadrado no Código Penal como injúria, difamação ou até mesmo lesão corporal, dependendo da gravidade do caso. Além disso, a Lei 13.185/2015, conhecida como Lei do Bullying, obriga as escolas a adotarem medidas de prevenção e combate ao problema.
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