A desigualdade no Brasil aumentou em 2020, o primeiro ano da pandemia, é o que mostra o estudo “Mapa da Riqueza no Brasil”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pesquisa utilizou dados do Imposto de Renda e da PNAD Contínua, e mostra que a maior perda de renda na pandemia da Covid-19 foi da classe média, a camada da população entre os 40% mais pobres e os 10% mais ricos.
Divulgada nesta segunda-feira (13), a pesquisa calculou o índice de Gini, instrumento que serve para medir o grau de concentração de riqueza em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
O coeficiente no país em 2020, aferido pelo estudo, foi de 0,7028. O da PNAD Contínua, estudo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de pesquisas domiciliares, foi 0,6013. O indicador varia de 0 a 1. Quanto maior o número, maior é a desigualdade de distribuição de renda.
Ainda segundo o levantamento, o 1% mais rico perdeu muito pouco no momento em que a economia foi desestabilizada pela Covid-19. A renda desse grupo de 2,07 milhões de brasileiros caiu apenas 1,5%. Entre 40% mais ricos, a queda foi de 4,2%. Entre 40% mais pobres, o ganho se limitou a 0,2%.
O ganho da classe média brasileira teve desempenho muito pior que o dos mais ricos. Os mais pobres foram preservados com o Auxílio Emergencial, e o 1% mais rico perdeu 1,5% da renda. Pessoas da classe média, que não receberam auxílio nem têm reservas em ativos em dólar, por exemplo, perderam mais.
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O estudo realizou o mapeamento de fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros mais ricos a partir dos dados do último Imposto de Renda. Dados de concentração de renda e patrimônio por unidades da federação, municípios e regiões administrativas do Brasil também foram analisados. Segundo Marcelo Neri, economista da FGV, “a análise é útil para o desenho de reformas nas políticas de impostos sobre a renda e sobre o patrimônio”.
“O Imposto de Renda consegue captar melhor a renda proveniente do ganho de capital, como os lucros no mercado financeiro ou distribuído pelas empresas, por isso traz mais precisão para o rendimento dos mais ricos. Apesar de o auxílio ter sido mais generoso, foi menos focado nos mais pobres, nas famílias maiores“, afirma Neri.
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