A segunda audiência de produção de provas do caso do menino Miguel Otávio aconteceu nesta quarta-feira (15) pela manhã em Recife (PE). Sarí Corte Real, acusada de abandono de incapaz que resultou em morte com agravantes de cometimento de crime contra criança e em ocasião de calamidade pública, foi ouvida assim como duas testemunhas de defesa.
Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel, acompanhou o depoimento de Sarí Corte Real e disse que foi chamada de ingrata pela ex-patroa.
“A fala dela foi muito bem articulada, muito bem ensaiada, até o show que ela deu no final, chorando, dizendo que estava sendo ameaçada”disse Mirtes
Leia também: Caso Miguel completa um ano nesta quarta-feira (02)
Em 3 de dezembro de 2020, houve a primeira parte do julgamento, mas Sarí não chegou a ser ouvida. Desde então, oito testemunhas arroladas pelo Ministério Público e três testemunhas de defesa foram ouvidas presencialmente. Uma outra, solicitada pela defesa, foi ouvida por carta precatória.
Hoje, Sarí e duas testemunhas de defesa da mesma foram ouvidas na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, localizada no Centro Integrado da Criança e do Adolescente, no bairro da Boa Vista, na área central do Recife. Os primeiros a serem ouvidos foram o psicólogo Carol Costa Júnior, que trabalha na clínica onde Miguel recebia acompanhamento psicológico desde o divórcio dos pais, mas não o atendia, e a trabalhadora doméstica da casa de Sarí. O depoimento de Sarí aconteceu no final da manhã .
A mãe de Miguel disse à imprensa: “Um ano e três meses da morte de Miguel e agora é que vai se encerrar a fase de instrução. Isso é muito decepcionante”. Ela acredita que os advogados de defesa da ré tem como estratégia transformá -la em vítima.
Além da família de Miguel, estavam presentes do lado de fora, representantes da Articulação Negra de Pernambuco e o Fórum de Mulheres de Pernambuco, que fizeram uma manifestação pacífica com faixas e cartazes pedindo justiça para o caso. Joaninha Dias, coordenadora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco disse também à imprensa: “Esse ato é um ato de luta contra o racismo e contra o que as instituições fazem. O Caso Miguel é um caso escancarado de racismo. A naturalização do racismo faz como se essas coisas fossem normais. Enquanto isso perdurar, mortes como a de Miguel serão naturais”
A morte do menino Miguel, de 5 anos, filho de Mirtes Renata e Paulo Inocêncio, aconteceu em 2 de junho 2020, enquanto ele estava aos cuidados de Sarí, ex-primeira-dama da cidade de Tamandaré e ex-patroa da mãe da criança.