A cidade registrou o crescimento de adeptos de religiões de matrizes africanas
Dados divulgados pela Federação Nacional de Culto Afro-brasileiro (Fenacab) revelam que Salvador tem hoje cinco vezes mais terreiros do que igrejas ligadas ao catolicismo. De acordo com a entidade, são 2.800 terreiros cadastrados na capital baiana, contra 589 igrejas, conforme a Arquidiocese de São Salvador. Segundo o presidente da entidade, Aristides Mascarenhas, esse número corresponde ao total de cadastros junto à base de dados da entidade, atualizado pela última vez em 2024.
Apesar disso, a quantidade não é reconhecida por todas as representações de terreiros da cidade. Segundo Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), a estimativa é de que haja pouco mais de 2 mil casas de axé. Já para a Secretaria Municipal da Reparação de Salvador (Semur), que mantém uma base de dados com informações sobre cadastros de povos e comunidades de terreiros, há 824 terreiros vinculados, voluntariamente, à prefeitura.

Apesar da divergência estatística, é consenso que esse número não reflete o total de terreiros na cidade. Isso porque, em 2008, um estudo feito pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/Ufba) junto com a prefeitura, já havia mapeado 1.165 terreiros em Salvador. Mas, na falta de um levantamento centralizado, é inegável que existe um maior número de terreiros na capital baiana, assim como um crescimento de adeptos de religiões de matrizes africanas.
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De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Salvador tinha 59,9 mil pessoas praticantes de umbanda ou candomblé em 2022, número que duplicou desde o Censo 2010. Enquanto isso, a religião católica perdeu força na cidade: Pela primeira vez, menos da metade da população da capital se declarou católica. Os adeptos da doutrina somam 947 mil pessoas, ou seja, 44% da população, o que representa uma queda de 22,5% em relação ao censo anterior.