Dados coletados ao longo de nove anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad Contínua), revelam que homens negros são os mais diagnosticados com câncer de próstata no Brasil. Ensaios clínicos apontam que 76% das vítimas são homens pretos e pardos.
Em relatório divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), na última quarta-feira (2), foram identificadas as causas que contribuem para a estatística. O estudo Acessibilidade da População Negra ao Cuidado Oncológico concluiu que o racismo é o principal fator que leva a população negra, sobretudo os homens, a terem menos contato com exames clínicos que deveriam ser realizados periodicamente.
O levantamento recente mostra que a doença é o segundo tipo de câncer mais recorrente entre homens brasileiros, sendo o câncer de pele o que mais afeta a população, independentemente de gêneros. De acordo com o Inca, 21.946 mil novos casos da neoplasia são descobertos anualmente. No último ano, a enfermidade refletiu no óbito de mais de 16 mil homens afetados pela doença (o que corresponde a 44 mortes diárias causadas pelo câncer de próstata).
Os diagnósticos da doença vêm aumentando anualmente, principalmente sobre homens entre 20 e 49 anos. Isso ocorre, no entanto, devido ao fato de campanhas incentivarem cada vez mais que as pessoas realizem o exame pélvico e sanguíneo.
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Prevenção
De acordo com o Inca, recomenda-se que os exames de antígeno prostático específico (PSA), via sanguínea, ou o toque retal sejam realizados anualmente, assim que completados 50 anos de idade. Como forma de prevenção, porém, homens negros, de descendência africanas ou que tenham casos na família devem realizar o exame a partir dos 45 anos. Ainda segundo o Inca, a identificação precoce da doença reflete em 90% a probabilidade de cura dos casos de câncer de próstata.
Sintomas
O câncer de próstata leva, em média, 15 anos até que um tumor seja desenvolvido. Por essa razão, a presença de sinais de alerta são pouco notadas ao longo da vida do indivíduo. Quando a doença apresenta-se em estágio avançado, no entanto, sintomas como micção diurna e noturna frequente, urina ou sêmen com vestígios de sangue, dor ao urinar, disfunção erétil e dores nas costas, cóccix, nádegas e nos ossos, são possíveis indicativas da doença.
Tratamento
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta diferentes métodos de tratamento. Eles são indicados de acordo com o estágio da doença, condições clínicas e optativas do paciente. Existem as seguintes opções: cirurgia, radio e quimioterapia (em casos avançados), vigilância ativa (monitoramento semestral), hormonioterapia e medicamentos radiofármacos.
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