Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa vem marcando a história do Brasil como o maior ato inter-religioso do país

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Desde 2008, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa vem marcando a história do Brasil como o maior ato inter-religioso do país, reunindo credos, artistas e cidadãos em defesa da democracia e do respeito às diferenças. O movimento surgiu em resposta a episódios de violência contra adeptos de religiões de matriz africana no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, quando ataques a terreiros e perseguições religiosas começaram a se intensificar.

O fio condutor dessa trajetória é o babalawô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). Sacerdote, intelectual e referência na luta pelos direitos humanos, Ivanir articulou ao longo dos anos um feito único no mundo: reunir representantes do candomblé, umbanda, catolicismo, igrejas evangélicas, judaísmo, islamismo, budismo, espiritismo, tradições indígenas, além de grupos como hare krishnas, wiccanos, ciganos e mórmons em um mesmo espaço de diálogo. Entendendo a urgência de criar um espaço público de resistência, denúncia e visibilidade em respeito ao credo.

Nas primeiras edições, entre 2008 e 2010, a Caminhada reuniu dezenas de milhares de pessoas na Praia de Copacabana, mostrando que diferentes tradições poderiam conviver em harmonia e unidade. Esses primeiros anos foram fundamentais para consolidar a Caminhada como símbolo de resistência e transformar a pauta contra a intolerância em assunto de interesse público.

Ao longo da década seguinte, a Caminhada ganhou ainda mais dimensão cultural e artística. Entre 2011 e 2014, nomes como Arlindo Cruz, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Teresa Cristina subiram ao palco, unindo música, ancestralidade e ativismo. Também participaram artistas como Juliana Alves e a atriz Zezé Motta, reforçando a presença da cultura afro-brasileira e a importância de dar visibilidade às comunidades atingidas pela intolerância. Lideranças religiosas de diversas tradições continuaram a se engajar, como o padre Fábio de Mello, o pastor Kleber Lucas e o rabino Nilton Bonder, criando um espaço sem paralelo no mundo para o diálogo inter-religioso.

Desde 2008, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa vem marcando a história do Brasil como o maior ato inter-religioso do país – Foto: Henrique Esteves.

Em 2018, a 11ª edição destacou-se pela forte mobilização cívica e pelo caráter simbólico de união entre os credos. Ivanir dos Santos ressaltou a importância de transformar a caminhada em trincheira contra a intolerância, unindo religião, cultura e cidadania.

Já em 2020, devido à pandemia da Covid-19, a Caminhada foi realizada online, garantindo que a tradição e a pauta da liberdade religiosa não fossem interrompidas e ampliando o alcance nacional da mobilização.

Nos anos seguintes, o evento retornou às ruas de Copacabana, mantendo a tradição do terceiro domingo de setembro e ampliando sua programação cultural. O festival “Cantando a Gente se Entende” passou a integrar o ato, destacando a diversidade musical e a riqueza de ritmos das mais diferentes tradições espirituais, reforçando que ouvir e valorizar a cultura de todos é parte essencial da convivência democrática, onde já recebeu e Rita Bennedito, Grupo Awuré, Regional Biguá, Ogan Kotoquinho, entre outros grandes representantes  

Ao longo de suas 17 edições e no mês que chega em sua 18º edição, a Caminhada não apenas denunciou ataques a templos, sacerdotes e fiéis, mas também se tornou um espaço de celebração da diversidade e da união entre diferentes credos. Infelizmente, a realidade ainda exige atenção: agressões físicas, vilipêndios, incêndios em terreiros e assassinatos continuam ocorrendo em várias regiões do país. Por isso, a 18ª edição é profundamente representativa.

Ela retoma o histórico de resistência das edições anteriores, reforça a liderança do babalawô Ivanir dos Santos e reafirma que o respeito à liberdade religiosa é fundamental para a democracia, para a cultura e para a paz social no Brasil.

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