Brasil é o maior produtor de café do mundo, mas o preço do produto subiu 98,4% em um ano e meio no mercado interno

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De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) o Brasil é o país que mais produz café no mundo, tendo o maior nível de exportação, mas mesmo com tamanha produção não consegue assegurar preço acessível a consumidores internos. O preço do produto subiu 98,4% no último ano e meio, ou seja quase dobrou de preço.

Segundo a USDA o Brasil, Vietnã e Colômbia, exatamente nesta ordem são os maiores produtores de café do mundo. Juntos os três países respondem por 55% do comércio de café do mundo. Em 2023/24, o Brasil exportou 66,3 milhões de sacas, o Vietnã exportou 27,5 milhões de sacas e a Colômbia 11,5 milhões.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação dos produtos, registra que em um ano e meio o café quase dobrou de preço chegando a 98,4%, se considerar de janeiro de 2024 até maio deste ano. Durante o período houve 17 altas consecutivas. Considerando apenas maio houve aumento de 4,6% no produto.

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o Brasil é o país que mais produz café no mundo, tendo o maior nível de exportação, mas mesmo com tamanha produção não consegue assegurar preço – Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil.

Motivos:

Houve queda na produção por fatores climáticos tanto do Brasil, como do Vietnã e Colômbia, com isso aumento da procura pelo café que resulta no aumento de seu preço. Mas oferta e demanda podem ter seus impactos reduzidos por algumas políticas. A oposição de esquerda questiona políticas do governo para segurar o preço dos alimentos. entre eles o preço do café.

Uma das políticas que conseguia manter os preços de alguns alimentos mais baixos é a de estoques públicos de alimentos. O governo compra alguns alimentos dos produtores para estocar na a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

Quando o preço de determinada mercadoria sobe, o governo vende esse alimentos estocados por um valor abaixo, aumentado a oferta do produto e mantendo o preço baixo. Esta foi uma política que manteve o preço dos alimentos baixo entre 2006 e 2015. Em 2016 a política de estoques começou a ser desfinanciada, inclusive sendo criticada por Lula.

Em abril de 2022, o atual presidente publicou em sua conta do X (antigo Twitter):
“Você sabe por que o preço dos alimentos está nas alturas? O CONAB ajudava a regular os preços dos alimentos, mas o governo acabou com o estoque regulador do órgão. Tá caro e a responsabilidade você sabe de quem é”, disse Lula. Mas até o momento a política não foi retomada.

Série histórica da CONAB: Confira.

Influencia do dólar

O setor agrário brasileiro importa 80% dos fertilizantes, segundo a secretaria especial de assuntos estratégicos do governo federal. Quando aumenta o dólar, aumenta o valor do fertilizante.

O Brasil já teve sua própria empresa pública de produção de fertilizantes a Petrobras Fertilizantes S.A. (Fafen). Em 1998 o Brasil importava apenas 49% dos fertilizantes. Ao longo do tempo o setor público foi sendo privatizado e ficou na mão da iniciativa privada.

Concentração de terras

Em 2019, de acordo com a OXFAM, menos de 1% das propriedades agrícolas eram donas de quase metade (45%) da área rural brasileira. Equanto isso, segundo o IBGE, cerca de 70% dos alimentos que chegam às casas brasileiras, como feijão, arroz, milho, leite, batata, mandioca, vêm de produções familiares.

Enquanto grandes agricultores recebem isenções fiscais e volta sua produção para exportação. o pequeno agricultor tem menor crédito e produção.

“”, disse o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad na última semana.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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