Hoje em dia crianças negras possuem acesso a uma linha direcionada especificamente para cabelos crespos, a ‘Blackinho Poderoso’ de JOHNSON ‘S ®, que as ajuda a enxergar o valor e ocuidado que seus fios merecem. Mas para isso, muita luta foi necessária, e saber a história do cabelo black é muito importante para entender a relevância que ele tem.
De acordo com a antropóloga Denise da Costa, professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, o cabelo black foi ressignificado como um símbolo de resistência por ter sido alvo de ataques racistas historicamente espalhados e, infelizmente, usados ao longo do tempo.
“Antes da década de 64, antes do movimento black power, o cabelo negro foi categorizado no contexto da colonização e do tráfico das pessoas no atlântico, como algo impuro, feio, de pouco trato e sujo”, conta.
Mas era uma vez um grupo de pessoas negras que se uniram para resgatar suas forças e seus direitos, lá nos Estados Unidos, e que aos poucos foram transformando o cabelo black como sinônimo de beleza e orgulho negro, que com o tempo foi chegando ao Brasil também.
“Segundo Ayana Byrd e Lori Tharps no livro “História do Cabelo” nos anos de 1964, e 1966 foram os momentos em que, de forma mais significativa, os negros norte americanos passaram a não usar a estética do novo negro que negava sua pertença racial, e passou a assumir uma estética de afirmação. Essa estética influenciou a estética negra de todo globo, explica a antropóloga.
Mais recentemente, no Brasil o cabelo cacheado e crespo começou a ser valorizado pelas pessoas negras como forma de resgatar sua identidade, com um movimento que consiste em passar pela transição capilar e reconhecer sua textura natural. A antropóloga Denise da Costa explica que por conta disso, hoje o penteado black está inserido em outro cenário e por isso tem outro peso.
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“Nos anos 2000, com o advento das políticas de ações afirmativas no Brasil grande parte de tomada da consciência negra, que faz com que pessoas assumam seus cabelos crespos ou cacheados”, conta a especialista que garante que o cabelo afro ainda tem um impacto para quem o usa.
“O black power continua sendo símbolo de resistência, ele não perde sua força na diáspora, e tem um significado muito forte para toda a população negra da América Latina e do mundo”, afirma Denise da Costa que cabelo não é banal. “Cabelo também movimenta alma e espírito”.
E quando essa movimentação começa nos pequenos, que a antropóloga Denise da Costa diz ser o futuro, é possível levar adiante a luta, a resistência e a força em forma de legado. Dessa “Ter o black power como símbolo da estética negra para crianças é fundamental. A transformação começa com elas”, diz a especialista.