A 89ª edição da Revista Forbes traz uma lista com 40 novos bilionários brasileiros neste segundo ano da pandemia da Covid-19. Segundo a Forbes Money, foram os incentivos financeiros para o enfrentamento da crise sanitária que aqueceram o mercado de capitais. Por outro lado, o estado de extrema pobreza no Brasil não para de crescer, acentuando a desigualdade social anterior à crise.
Em julho deste ano, uma cena chamou atenção no país inteiro. Num açougue em Cuiabá, MT, centenas de pessoas esperavam por horas debaixo de sol pela distribuição de pedaços de ossos com retalhos de carne que garantia a alimentação do dia. “É um país que já é muito desigual, integra sempre os primeiros lugares nos rankings de organizações multilaterais em termos de desigualdades, como um dos mais desiguais do mundo. Quando vem um choque totalmente adverso como esse, na economia, acaba por exacerbar ainda mais esse problema pré-existente“, disse Gedeão Locks, pesquisador sobre o tema no Centre d’Économie de la Sorbonne (CES), ao site Uol.
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Entre os destaques dos mais novos ricos da lista da Forbes está um homem de 52 anos cujo patrimônio é estimado em R$ 7,54 bilhões, resultado da participação em uma farmacêutica que se encontra entre as principais do segmento na América Latina. Não é so na área da saúde que os bilionários se beneficiaram da conjuntura mundial favorável, a área da tecnologia também está no páreo. Esta lista de novos bilionários mostra que apenas o setor financeiro se beneficiou, mas não a economia em si, a capacidade produtiva, o emprego e a distribuição de renda pela arrecadação de impostos.
“Essa notícia dos bilionários em plena crise diz muito sobre o novo perfil dos ricos. A riqueza hoje está concentrada principalmente nos frutos das atividades no mercado financeiro. E isso, no Brasil, representa de fato muito da nossa concentração de riquezas”, afirma Débora Freire, também especialista no tema e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“A recuperação econômica chegará mais tarde para a base da pirâmide mais afetada pela crise dado que, segundo Freire, a reabertura dos postos de trabalho ainda é lenta“, finaliza Débora Freire sobre a extrema pobreza no Brasil.