O governo da República Dominicana afirmou, no início de agosto, que mantém uma média de mais de 30 mil expulsões de haitianos por mês. Militantes de Direitos Humanos denunciam detenções arbitrárias e deportações em massa, que têm se tornado rotina na atuação da Direção Geral de Migração (DGM) do país.
No mês passado, 35.276 haitianos foram deportados da República Dominicana, integrando o total de mais de 300 mil expulsos entre outubro de 2024 e julho deste ano. Os países são vizinhos e ficam na ilha de Hispaniola. Essas ações refletem o rigor crescente da política migratória de Santo Domingo. Para as famílias retornadas, o contexto de crise e violência no Haiti transforma o deslocamento forçado em uma situação de grande vulnerabilidade.
Desde setembro de 2022, os consulados e a embaixada da República Dominicana em Porto Príncipe permanecem fechados, tornando quase impossível que haitianos consigam vistos. Apesar disso, a passagem pela fronteira, oficialmente fechada, continua intensa: a polícia intercepta mensalmente entre 8 mil e 10 mil pessoas tentando entrar no país vizinho.

Os números de deportação entre os países foram apurados pelo portal Brasil de Fato, que também fez uma reportagem com o coordenador da Brigada de solidariedade internacional Dessalines, Augusto Silva que denunciou:
“Elas não podem sair do país e são condenadas a viver em um ambiente de insegurança dentro dele, com grandes partes do território sem a proteção do Estado”, explicou o militante ao Brasil de Fato.
Relatórios de organizações haitianas e dominicanas destacam que crianças têm sido deportadas sem qualquer acompanhamento legal, quase 400 em junho, segundo o Grupo de Apoio aos Repatriados e Refugiados (Garr) do Haiti. Há também relatos de mulheres grávidas ou que acabaram de passar por cesariana sendo abordadas pela polícia na saída do hospital, obrigadas a deixar o país com o bebê recém-nascido, ou, em alguns casos, sem a criança.
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