Assessora de artistas pretos, Laís Monteiro, recebe prêmio Drª Olga Neme, no Dia da Mulher Negra

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Com uma trajetória inspirada na história de Tereza de Benguela, a jornalista macaense Laís Monteiro, fundadora da Monteiro Assessoria, é uma das homenageadas na 1ª edição do Prêmio Drª Olga Neme, do IV Fórum de Igualdade Racial – “Empreendedorismo: Uma Herança Ancestral”, que acontece em Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira (25), Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o qual também celebra a vida da líder quilombola. 

A Monteiro Assessoria completa 4 anos em 2022 – Foto: Arquivo Pessoal

Ao todo, são mais de quatro anos de uma jornada dedicada a potencializar carreiras através da comunicação. Para isso, Laís, precisou ir além, e empreender, criando assim, uma empresa de assessoria de imprensa. Com foco em cultura, diversidade, inclusão e impacto social, que atualmente conta com com 100% dos clientes negros e ou LGBTQIA+. A comunicadora, que coleciona quase 10 anos de jornalismo na bagagem, segue firme quando o assunto é dar voz a quem tanto é calado e marginalizado. 

Com uma empresa selada recentemente pela Shell Iniciativa Jovem, programa gratuito com foco na juventude empreendedora, a jornalista destaca o peso que é receber esta homenagem. “Esse prêmio é um reconhecimento de uma trajetória que é ancestral. É para mim, mas também pela minha avó, Tereza Monteiro, lavadeira, analfabeta, favelada, que criou sozinha cinco filhos. É pelo meu pai, Dejalma, que apesar do pouco estudo sempre me proporcionou condições de ter o que ele não teve. É pela minha mãe, Ana Maria, que se formou no ensino superior aos 60 anos. É um reconhecimento de um legado ancestral, por mim, pelos meus ancestrais e pelos que ainda estão por vir, para que os caminhos sejam mais fáceis, tranquilos e prazerosos”, ressaltou. 

Laís, que completou no fim do mês passado 32 anos, atende, atualmente, nomes como Yuri Marçal, Nando Cunha, Roger Cipó, Reinaldo Júnior, Roberta Freitas e Vitória Rodrigues, conquistando cada vez mais espaço e evidenciando ainda vidas negras para além do racismo e da imagem estereotipada e subalternizada. “Tem uma frase bastante famosa de Angela Davis que diz que ‘quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela’, pois tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras”, afirma.

E completou dizendo: “Mudando a estrutura onde se encontra mulheres negras, a gente consegue caminhar para uma sociedade mais justa e igualitária. “A sociedade precisa enxergar toda potência que mulheres negras tem, em todos os setores da sociedade, seja na produção de conhecimento, na ciência ou no empreendedorismo. A visão do empreendedor ou empresário como homem, branco, é ultrapassada e cafona, apesar das grandes fortunas se concentrarem nas mãos dos mesmos. Atualmente a maioria dos empreendedores são negros, o que a gente precisa é de espaços, visibilidade, dinheiro, financiamento, apoio, pois quando um negócio de uma pessoa negra prospera, toda sociedade ganha, social e economicamente, e a gente avança na igualdade”, conclui. 

Com o propósito de dar visibilidade e alavancar os trabalhos de pessoas negras e lgbtqia+, a comunicadora atua ainda visando gerar empoderamento econômico à comunidade e, consequentemente, reduzir os impactos do racismo estrutural. “A mídia é um dos fatores responsáveis por criar o imaginário social e quanto mais pessoas negras e lgbtqia+ estiverem presentes nos jornais, nas revistas e na TV, mais a gente irá conseguir extinguir os preconceitos”, acredita.

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