Rede Assaí Atacadista pode ser multada em R$ 870 mil e perder licença, depois de constrangimento passado por um cliente dentro do supermercado, que foi obrigado a ficar só de cueca para provar que não havia furtado na loja. Uma audiência, ainda sem data definida, será mediada no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) entre a rede atacadista Assaí e Luiz Carlos da Silva, homem que teve que se despir na loja.
A mediação da audiência ficará a cargo da Secretaria da Justiça e Cidadania de São Paulo, que, por lei, tem o direito de abrir processos administrativos contra discriminação racial, além de aplicar penas a pessoas físicas e jurídicas pelo ato.
Em entrevista ao G1, o secretário de justiça de São Paulo, Fernando José da Costa, disse que, assim que tomou conhecimento do caso, entrou com o pedido de instauração do processo administrativo. Ele lembra que, até o momento, a pasta registrou 39 denúncias de condutas discriminatórias, mas que até o final do ano o número de casos pode dobrar. O processo aberto pelo estado corre em conjunto com o processo criminal.
Na última quarta (11), a rede Assaí foi ocupada por pessoas do Movimento Negro, que manifestaram a indignação por ter mais um caso de racismo no estabelecimento.
Relembre o caso
Na semana passada, Luiz Carlos da Silva, 56 anos, foi a uma loja da rede Assaí Atacadista, em Limeira (SP), pesquisar preços de alguns produtos, porém, ao sair do estabelecimento foi abordado por seguranças do supermercado que o acusaram de roubo. O homem foi obrigado a ficar de cueca para comprovar que não havia roubado nenhum produto. Após o episódio, a rede Assaí afirmou que demitiu um dos funcionários envolvidos. A rede disse ainda que entrou também em contato com o cliente para pedir desculpas e se colocar à disposição para o que ele precisasse.
Em janeiro deste ano, a rede Assaí já tinha sido denunciada. Yagoh Jesus e seus amigos foram perseguidos e cercados por seguranças do supermercado no Rio de Janeiro, na hora de passar no caixa.